Sonho Oriental
Sonho-me ás vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha...
O aroma da magnólia e da baunilha
Paira no ar diáfano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...
E enquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,
Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.
QUENTAL, Antero de.
Sonetos. Org. por António Sérgio. Lisboa: Sá da Costa, 1963.
Observador,
ResponderExcluirAntero sempre foi um dos meus poetas preferidos (se é que não seja absurdo dizer que haja um "poeta preferido") e hoje moro na terra de Antero, os Açores, na Ilha de São Miguel. Por aqui ele é lido e adorado, nada devendo ao Pessoa!
bela lembrança,
um beijo.
O leitor é que sonha o sonho oriental de Antero. Sonhamos também com o Opiário.
ResponderExcluirLindo soneto, Cícero!
Abraços.
Jefferson.