28.11.12
Gastão Cruz: Ofício
No dia 24 do corrente, participei, no Fórum das Letras de Ouro Preto, de uma discussão com Eduardo Jardim intitulada "A poesia nasce da filosofia?", sob a mediação de Fabrício Marques. No início de sua interessante preleção, Eduardo Jardim citou o seguinte belo poema de Gastão Cruz:
Ofício
Os poemas que não fiz não os fiz porque estava
dando ao meu corpo aquela espécie de alma
que não pôde a poesia nunca dar-lhe
Os poemas que fiz só os fiz porque estava
pedindo ao corpo aquela espécie de alma
que somente a poesia pode dar-lhe
Assim devolve o corpo a poesia
que se confunde com o duro sopro
de quem está vivo e às vezes não respira.
CRUZ, Gastão. "As palavras e as coisas". In:_____. Escarpas. Lisboa: Assírio e Alvim, 2010.
Que poema! Não o conhecia. Acho que responde à questão.
ResponderExcluirAbraços,
caninos
ResponderExcluirnão adianta: não sou seu cachorro
ele só te adora, nem vida própria tem
sou a bosta do tal ser humano
meu jardim não é plano
rosno até pra quem tá me querendo bem
fico quente, mato até a grama
erro tanto como só quem ama
e posso ir embora se você não vem
Nossa! Lindo!
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