Ao Amor e à Fortuna
Amor e Fortuna são
dous deuses que os antigos
ambos os pintaram cegos;
ambos não seguem rezão;
ambos aos mores amigos
dão mores desassossegos;
ambos são sem piedade;
ambos não lhes tomais tino
do querer ou não querer;
ambos não falam verdade:
Amor é cego minino,
Fortuna é cega mulher.
SÁ de MIRANDA, Francisco.
Obras completas. Lisboa: Sá da Costa, 1976.
Cicero,
ResponderExcluirque lindo! Bravo!
Meu novo poema, para você:
"um eu qualquer" - Para Antonio Cicero
dentro da gente
há muitos, tantos,
que o pensamento
pode sequer
bem calcular.
o que se sente,
quem sente? canto-os
e assim me invento,
um eu qualquer,
sem rumo ou lar.
dentro da gente
há vários... quantos?
neste momento,
um outro quer
se revelar.
Abraço forte,
Adriano Nunes
Muito bom, Adriano! Obrigado e parabéns!
ResponderExcluirAbraço
Verdade absoluta...
ResponderExcluirTão complexo e Sá Miranda o fez ficar tão simples!
Abraços
Carlos
Cicero,
ResponderExcluirMeu poema mais recente, pra Carlito Azevedo:
"A Poesia" - Para Carlito Azevedo
seta sem forma,
a poesia,
perpassa,
atravessa
a sala,
o quarto,
o inabitável,
revira as gavetas
do armário,
voraz,
veloz,
perfura o in-
visível
e acerta o
íntimo:
dardo sem fins,
a poesia,
ultrapassa
a conversa e
o cerne do silêncio,
perfura a frágil folha
da existência,
às cegas,
salta
do imprevisto,
sobre as sobras
do infinito
e crava-se em
algum sentido:
lança sem freio,
a poesia,
traspassa,
dispersa-se,
sem código de barras
ou marca d'água,
afunda-se
no istmo do que se saiba,
faca afiada, pronta
pra tudo
ou nada,
finca-se
em si.
Abraço forte,
Adriano Nunes