Pedro Hestnes
Passou a alguns metros de onde eu
estava; não o via
há anos e nem sei
qual a última vez que com ele falara
Não o reconheci de imediato e bastou
essa dúvida para criar um hiato
na linha dos olhares de repente cruzados
dentro da tarde; receara
decerto não ter sido por mim reconhecido
enquanto que eu não fora já a tempo
de lhe mostrar que o vira e me lembrava
do seu rosto mesmo que um pouco menos
luminoso que outrora; e um remorso
absurdo me tomou por ter perdido
esse olhar hesitante
no desconcerto breve de uma tarde
CRUZ, Gastão.
Observação do verão. Lisboa: Assírio & Alvim, 2011.
Cicero,
ResponderExcluirque lindo! Bravo! Grato por compartilhá-lo!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Cicero,
ResponderExcluirO meu mais novo soneto, Para Caetano:
"Fragmentos de um soneto urgente" - Para Caetano Veloso
Dado como morto, o poeta
Agora não mais canta o instante
Raro, funde-se aos livros ante
A nostalgia circunspeta.
Daquela artimanha secreta
Nada mais resta. Nem bacante
Nem outra ideia interessante...
De vez, deu-se ao Touro de Creta,
Às pressas. Nem algo indigente,
A rima, o ritmo entre esta gente
Iridescente, algum relato,
Fragmentos de um soneto urgente,
Encontraram... Nem o formato
Do tédio... Nem ato insensato.
Abraço forte,
Adriano Nunes
Eu vivo passando por isso...
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