Noite morta
Noite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.
Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado.
No entanto há seguramente por ela uma
procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.
O córrego chora.
A voz da noite…
(Não desta noite, mas de outra maior.)
BANDEIRA, Manuel. "Carnaval". In:_____
Estrela da vida inteira Rio de Janeiro: José Olympio, 1966.
Cicero,
ResponderExcluirEsse poema é lindo demais!! Grato por compartilhar esta pérola do mestre Bandeira!!!
Abração,
Adriano Nunes
Flor
ResponderExcluirFlor do amor
Beijo-te todo dia
Mesmo sob o manto
Da noite mais fria
Acalanto
Trago tua voz
Junto a mim por
Um momento
Enquanto invento.
Sempre há tanto escondido na sombra da noite... Lindo esse poema!
ResponderExcluirCaro poeta,sensacional esse poema! O sentimento de ausência que ele suscita é muito próximo ao de Profundamente, não acha? Em tempo,sobre um comentário antigo que discutimos,a respeito de Cabral e Vinicius: você disse que João reprimia/recusava a vida imediata de Vinicius,e que esse era um dos méritos de Vinicius.Não acha que João,mais que recusar,era incapaz dessa vida?Talvez até a invejasse. Grande abraço
ResponderExcluirQue poema gostoso! A gente consegue até ver a cena, sentir a noite povoada de sombras. É bem assim mesmo uma noite morta.
ResponderExcluirCaro poeta, gosto de ler suas análises de poemas. Há versos, entretanto, que me dizem muito, me ajudam, mas que não se submetem, aparentemente, a interpretações. "Talvez eu tenha medo", "Não sei dançar", pra ficar só em Bandeira. Gostaria de saber sua opinião sobre isso. Grande abraço!!!
ResponderExcluirRicardo,
ResponderExcluirnão é o que um verso ou um poema diz conceitualmente que o faz profundo. O poema é uma totalidade indecomponível de som e sentido, emoção e ideia, sensação e conceito. O que é profundo ou superficial é a totalidade que resulta de tudo isso, inclusive dos componentes que, à primeira vista, não são profundos.
Abraço
Caro poeta, li recentemente análise de O cacto, por Davi Arrigucci. Fantástico, sobretudo por ser claro, algo que, me parece, é raro na crítica, hermética demais - a meu ver, sem necessidade. O crítico não deveria aproximar o leitor da poesia? Creio que mais textos como o de Arrigucci são imprescindíveis. Gostaria de saber sua opinião. Grande abraço!!
ResponderExcluirConcordo inteiramente, Ricardo.
ResponderExcluirAbraço