O Poema
Ou se vive por inteiro
ou pela metade a gente
escreve a vida
que não viveu.
E o papel em branco então serve
como serve ao prisioneiro
a parede branca do cárcere.
O que não foi é o ser que é
no poema, esse ato mágico
de uma chama que não se vê
tanto mais quanto ela queima
no ar de uma cela vazia
o homem que é posto em pé
sobre os mortos do seu dia
FÉLIX, Moacyr. "O poema" In: FELIX, Moacyr (org.).
41 poetas do Rio. Rio de Janeiro: Funarte,
"E o papel em branco então serve
ResponderExcluircomo serve ao prisioneiro
a parede branca do cárcere." Essas paredes brancas me fazem pensar no "cubo branco" que serve de atelier de criação para os artistas plásticos. Papel, cárcere, cubo, atelier...tudo é espaço para criação, sem saída...o sujeito se "asfixia" dentro da própria arte. Muito bonito.
Difícil este poema!
ResponderExcluirCicero,
ResponderExcluirBelo!
Abração,
Adriano Nunes.
Belo poema...
ResponderExcluirentre o sim e o não, o poema vive do que é. Os dois últimos versos são lindos. Estar "em pé" sobre os "mortos". Adorei!
Jefferson.
Pra mim tem que ser por inteiro. Não quero uma meia laranja! Ou tudo ou nada!
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