3.7.11
Fernando Pinto do Amaral: "Elegia"
Elegia
Regressa neste inverno o tempo exausto
de outros invernos     Rostos submersos
sorriem e emergem devagar
do frio rio dos versos
Olha bem para eles     Reconheces
o que resta de ti
nos seus olhos intactos flutuando
no espelho desse rio     A tua vida
reflui nessas imagens
nos seus reflexos líquidos que movem
as tuas ilusões Respira fundo
absorve a luz do sol
nesta manhã «de inúteis agonias»
e vê que meio século é muito pouco
desde o primeiro dia
Rompe de novo a sombra desses anos
a membrana translúcida do tempo
Talvez ainda saibas mergulhar
no mesmo rio de sempre
e no entanto é cada vez mais fria
a água do passado
AMARAL, Fernando Pinto do. "Elegia". In: Relâmpago. Revista de poesia, nº 27, ano XIV, Lisboa, outubro de 2010.
querido poeta, porque seu blog é tão escuro ?
ResponderExcluirabraços.
Cicero,
ResponderExcluirMuito belo!
Para você:
espantalho - Pra Antonio Cicero.
eu tenho os
meus pentelhos
meus pirralhos
meus piolhos
me espelho
em uns e outros
me espalho
sou mesmo solto
palha entre agulhas
fagulha
pilha de milho
ilha de corvos
partilho com todos
o meu ser pouco
a pouco
espantalho
espanto-me:
embaralho-me...
tenho tripa sonho
nome
um dia terei
cabelos grisalhos
num salto
mágico
todo o céu.
ou o lapso
de ouvir o
vento no papel.
Abração,
Adriano Nunes.
Escuro em que sentido, Neno?
ResponderExcluirQue sensação! Que maravilha! meus pés estão gelados mas logo se aquecem com esse poema de uma solidão querida que se faz quente ao propôr uma reflexão tão adequada sobre o tempo... Obrigada, Cícero.
ResponderExcluirGostei muito do poema. Fiz um link no meu blog, tudo bem? abraço.
ResponderExcluirClaro que tudo bem, Paula.
ResponderExcluirAbraço
Madrigais
ResponderExcluirEu não sei aonde
Por onde foi que
O oriente se perdeu
E pelos laranjais
Coisas e tais, quando
as flores sejam prêmio
Sonho do verso mais diverso
De artes marciais
Idade diamante
De amantes
Fortaleza
Ancestrais.