Murilo Mendes: Anti-Elegia nº 2
Olho para tudo
Com o olhar ambíguo
De quem vai se despedir do mundo
Eis a última curva o último filme
Eis o último gole d’água a última mulher
Eis o último fox-blue
Já estou sentindo
As violetas crescerem sobre mim.
MENDES, Murilo. "Os quatro elementos". In:_____
Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
morre nasce trigo, vive morre pão.
ResponderExcluirThe guy is saying goodbye.
ResponderExcluirEis um magnífico poeta. Gosto do punch de
ResponderExcluirMAU SAMARITANO
Quantas vezes tenho passado perto de um doente,
Perto de um louco, de um triste, de um miserável,
Sem lhes dar uma palavra de consolo.
Eu bem sei que minha vida é ligada à dos outros,
Que outros precisam de mim que preciso de Deus
Quantas criaturas terão esperado de mim
Apenas um olhar – que eu recusei.
e de
SOMOS TODOS POETAS
Assisto em mim a um desdobrar de planos.
As mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.
Cicero,
ResponderExcluirUm poema meu:
"por uma e outra fresta" - Para Paulo Sabino
às seis horas,
o galo digital
anuncia
com mecânica alegria
a aurora.
é a hora!
é a hora!
acordo. acordas. acordam
todos os meus sonhos...
rasga-se o dia lá fora.
à socapa,
a claridade penetra
por uma e outra fresta
da porta.
e agora?
devoro a alvorada
através
de flexível flerte
e a vida segue
intacta.
é a hora!
grita o galo
à pilha enquanto o sol trilha
o seu trajeto
na calota.
Abração,
Adriano Nunes.
E É ESSE OLHAR AMBÍGUO QUE VER E PERCEBE O ALÉM DO CONCRETO, É ESSE OLHAR QUE TRANSCENDE E NOS TORNA MAIS PRÓXIMOS DOS INVISÍVEIS, DOS SEM EXPRESSÃO....
ResponderExcluirMUITO LINDO!
que coisa linda!
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