18.5.11

Manuel Bandeira: Sonho




Manuel Bandeira: Sonho

Sonhei ter sonhado
Que havia sonhado.
Em sonho lembrei-me
De um sonho passado:
O de ter sonhado
Que estava sonhando.
Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o que?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado,
Que é tempo passado.
Um sonho presente
Um dia sonhei.
Chorei de repente,
Pois vi, despertado,
Que tinha sonhado.



BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

13 comentários:

  1. Bandeira tão preciso.
    Belíssimo poema para começar o dia.
    Obrigada.

    ResponderExcluir
  2. Belissimo! Que lindo.

    Autor existe!

    abraço

    ResponderExcluir
  3. O Bandeira tem essa coisa de triste, mas que não é triste de verdade. Não conhecia esse, e gostei, principalmente da repetição da palavra sonho. Cresceu o poema.

    ResponderExcluir
  4. Oi, Cicero.

    Publiquei no meu blog um pequeno trabalho sobre o conto A Terceira Margem do Rio.

    Ficarei muito feliz se você puder dar uma lida e me dizer o que achou...

    Um abraço!

    ResponderExcluir
  5. Amado Cicero,

    Essa sequência de postagens com Bandeira está maravalihosa! Grato!

    Ontem, estive no show da Adriana Calcanhotto... Tirei fotos com ela, conversamos sobre poesia, sobre você que amo tanto, recitei um poema que eu tinha feito pra ela... enviei uma foto minha e dela para ela... Pois Adriana disse que ia mostrar-lhe. Fiquei muito feliz! Ela é encantadora!

    Abraço fraterno,
    Adriano Nunes.

    ResponderExcluir
  6. Que bom, Adriano! Cheguei ontem à noite de Lisboa. Não sei se Adriana ainda está viajando. Quando ela chegar, vou pedir para mostrar a foto.

    Abraço

    ResponderExcluir
  7. Antonio, que belo acervo... Desejo contribuir. Meu endereço é eribeiro77@gmail.com Começo com John Milton, pois percebi que não tinha:

    I HEAR IT WAS CHARGED AGAINST ME

    I hear it was charged against me that I sought to destroy institutions,

    But really I am neither for nor against institutions,

    (What indeed have I in common with them? or what with the destruction of them?)

    Only I will establish in the Mannahatta and in every city of these States inland and seabord,

    And in the fields or woods, and above every keel little or large that dents the water,

    Without edifices or rules or trustees or any argument,

    The institution of the dear love of comrades.

    1860; published 1867, main book: Leaves of Grass

    ResponderExcluir
  8. Antonio, fiquei tão excitado com a biblioteca virtual que troquei as bolas, a mensagem anterior é de Walt Whitman, John Milton vem agora, sorry:

    ON HIS BLINDNESS

    When I consider how my life is spent
    Before half my days in this dark world and wide,
    And that one Talent which is death to hide
    Lodged me with useless, though my soul more bent
    To serve therewith my Maker, and present
    My true account, lest He returning chide,
    "Do God exact day-labour, light denied?"
    I fondly ask. But Patiente, to prevent
    That murmur, soon replies, "God do not need
    Either man's work or his own gifts. Who best
    Bear his mild yoke, they serve him best. His state
    Is kingly: thousands at his bidding speed,
    And post over land and ocean without rest;
    They also serve who only stand and wait."


    ON SHEAKSPEARE

    What needs my Sheakspeare, for his honoured bones,
    The labour of an age in piled stones?
    Or that his hollowed relics should be hidden
    Under a star-ypointing pyramid?
    Dear son of of Memory, great heir of Fame,
    What need you such weak witness of your name?
    You, in our wonder and astonishment,
    Have built yourself a livelong monument.
    For whilst, to the shame of slow-endeavouring art,
    Your easy numbers flow, and that each heart
    Have, from the leaves of your unvalued book,
    Those Delphic lines with deep impression took;
    Then you, our fancy of itself bereaving,
    Do make us marble, with too much conceiving;
    And so sepulchred, in such pomp do lie,
    That kings for such a tomb would wish to die.

    ResponderExcluir
  9. Perdoe-me o exagero, mas indago se conhece Vasko Popa, um poeta sérvio que foi conhecido por HCampos e teve tradução de Alexader Javanovic´numa edição da USP, sort of a intersemiótica poética ou dar a vida a objetos inanimados: segue um. Não precisa e nem deve aprovar meus comentários, o objetivo é enriquecer esse acervo.

    NO CINZEIRO

    Um sol miúdo
    De cabelos amarelos de fumo
    Apaga-se no cinzeiro

    O sangue de um batom barato amamenta
    Os corpos mortos das pontas de cigarro

    Palitos descabeçados desejam
    Coroas de enxofre

    Profundezas de cinzas relincham
    Freadas sobre as patas traseiras

    Mão enorme
    De olho ardente no meio da palma
    Espreita no horizonte

    ResponderExcluir
  10. Mais um que nada tem a ver com Bandeira, nem aprove o comentário, mas esta é a forma de lhe passar emoção. De qq forma, digno de criar tag próprio, Dylan Thomas: arremata logo no início dizendo coisas importantes "though lovers be lost love shall not"

    AND DEATH SHALL HAVE NO DOMINION

    And death shall have no dominion.
    Dead men naked they shall be one
    With the man in the wind and the west moon;
    When their bones are picked clean and the clean bones gone,
    They shall have stars at elbow and foot;
    Though they go mad they shall be sane,
    Though they sink through the sea they shall rise again;
    Though lovers be lost love shall not;
    And death shall have no dominion.

    And death shall have no dominion.
    Under the windings of the sea
    They lying long shall not die windily;
    Twisting on racks when sinews give way,
    Strapped to a wheel, yet they shall not break;
    Faith in their hands shall snap in two,
    And the unicorn evils run them through;
    Split all ends up they shan't crack;
    And death shall have no dominion.

    And death shall have no dominion.
    No more may gulls cry at their ears
    Or waves break loud on the seashores;
    Where blew a flower may a flower no more
    Lift its head to the blows of the rain;
    Though they be mad and dead as nails,
    Heads of the characters hammer through daisies;
    Break in the sun till the sun breaks down,
    And death shall have no dominion.

    ResponderExcluir
  11. Eduardo,

    há uma confusão. O autor de Leaves of Grass foi Walt Whitman, não John Milton.

    ResponderExcluir
  12. Acuseio erro no segundo comentário que postei! Parabéns, obrigado, abraços...

    ResponderExcluir
  13. Que maravilha de poema!

    Sobre a notícia do nosso querido Adriano Nunes, eu já vi as fotos dele com a Adriana Calcanhotto e agora aguardo, ansioso, a publicação da entrevista que ela lhe concedeu(!).

    Um beijo, Cicero!

    ResponderExcluir