MINOS
Não ocultei o monstro: Jamais hei de ocultá-lo.
Jamais erguerei paredes para vedá-lo às vistas dos curiosos e maledicentes. Jamais hei de exilá-lo.
Ao contrário:
Plantei-o no trono do salão central do palácio que ergui para abrigá-lo, na capital do meu reino, no umbigo desta ilha que eu mesmo tornei eixo do mundo.
Que para ele convirjam todos os turistas, todas as rotas marinhas, todas as linhas aéreas, todos os cabos submarinos, todas as redes siderais.
Construí canais estradas viadutos ferrovias funiculares pontes túneis até o palácio;
depois, áditos pórticos limiares entradas umbrais aléias ânditos elevadores passagens escadas ombreiras travessas portas corredores servidões rampas porteiras vielas passadouros escadarias portões arcadas soleiras portelas caminhos galerias sendas portais veredas cancelas áditos pórticos limiares entradas umbrais aléias ânditos elevadores passagens escadas ombreiras travessas portas corredores servidões rampas porteiras vielas passadouros escadarias portões arcadas soleiras portelas caminhos galerias sendas portais veredas cancelas áditos pórticos limiares entradas umbrais aléias ânditos elevadores passagens escadas ombreiras travessas portas corredores servidões rampas porteiras vielas passadouros escadarias portões arcadas soleiras portelas caminhos galerias sendas portais veredas cancelas alamedas áditos pórticos limiares entradas umbrais aléias ânditos elevadores passagens escadas ombreiras travessas portas corredores servidões rampas porteiras vielas passadouros escadarias travessas portões arcadas soleiras portelas caminhos galerias sendas portais veredas cancelas áditos pórticos limiares entradas umbrais aléias degraus portinholas ruelas ânditos elevadores passagens escadas ombreiras travessas portas corredores servidões rampas porteiras vielas passadouros escadarias portões arcadas soleiras portelas caminhos galerias sendas portais veredas cancelas alamedas áditos
Não conhecia esse Espaço. Sempre vamos pelos mesmos caminhos para o centro da cidade: CCBB, França-Brasil, Museu de Belas-Artes...
ResponderExcluirAgora, com TANTAS opções, é impossível não encontrar o centro desse labirinto. Você quase mapeou cada um dos 1.300 compartimentos que,segundo a lenda, o compõe.
Antonio Cícero,
ResponderExcluirSem ponto, nem vírgula, sua poesia, seu poema, desloca o centro, onde procuro, perco, não perco o amor ao ler esse sacre facere eterno.
Belíssimo visu.
Um verdadeiro tesouro.
ResponderExcluirNossa, que lindo, e o bom é que vou poder ver pois vai até junho quando estarei de férias, ueba! parabéns cicero você é o cara, algo assim renova o desejo de continuar, escrever, tudo de bom prá você!
ResponderExcluirpensador,
ResponderExcluirirei durante o feriado. oportunidade imperdível, com certeza!
PS: que texto!!!
um beijo
queria estar lá pra ver,
ResponderExcluirmas estou aqui longe. pena!
Ótimo texto sobre o exibicionismo do poder absoluto: vi tudo isso quando criança...
ResponderExcluirConcordo com a Dalva: um verdadeiro tesouro, esse poema. Quando o li, liguei imediatamente pra um amigo, falei: saiu no blog um poema novo de Antonio Cícero, Minos. Repeti, "Minos", tendo presente o labirinto que o nome do monstro já evoca. Disse: acho que é um poema da estatura do Guardar. Mais um presente do Cícero.
ResponderExcluirQuerido Antonio Cícero,
ResponderExcluirDesculpe pelo fora que eu dei quanto ao poema Minos, que continuo achando tão maravilhoso quanto achei ao conhecê-lo e me espantar com ele. Mas, por ignorância, achei que "tinha saído" recentemente. Já descobri que está no livro Guardar. Como você felizmente não postou meu comentário equivocado, esta mensagem é só para você pessoalmente.
Abraço, com o afeto que eu tenho por você, que é como se o conhecesse pessoalmente.