2.3.11

Antonio Cicero: "La Capricciosa"




Hoje estou postando o outro poema inédito publicado pelo Carlito Azevedo no "Prosa e Verso". Quando o enviei ao Carlito, o título desse poema era "Capricciosa". Lendo-o no jornal, descobri que seu verdadeiro nome é "La Capricciosa".




La Capricciosa

É claro que estou exposto
eu como todos os outros
animais às intempéries
que cedo ou tarde nos ferem;
mas aqui a noite, seda,
suavemente me enleia:
espelhos olhares vinhos
uvas cachos rosas risos
e ali, do lado de lá
das lâminas de cristal
tão tranqüila e cintilante
quanto o céu, sonha a cidade.

Desperta-me um celular:
a morte também tem arte.



.

7 comentários:

  1. Esse poema é de tirar o fôlego! É lindo, lindo, lindo, lindo. Perfeito. Um objeto perfeito. Uma coisa bela. Um acontecimento. "A thing of beauty is a joy for ever", disse Keats.


    Realmente, é muito difícil escrever qualquer comment pra poesia. Pra esse poema, ainda bem mais. Pelo menos, eu digo aí sua impressão mais geral em mim.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Meigle e Nobile José.

    Abraços

    ResponderExcluir
  3. Cicero,

    O seu soneto é perfeito: as redondilhas maiores, as sílabas tônicas escolhidas, as aliterações... os sentidos! tudo belo demais! Tão perfeito quanto a morte! e o desfecho é uma dádiva à parte! Bravo!
    Ganhei o dia!

    ResponderExcluir
  4. Cyber ser

    É só uma página em branco
    E uma vida, e outra
    É só alguns planos
    Que vem e que vão
    Sopramos as bolhas de sabão
    Cyber ser a acontecer
    No universo tão amplo
    Para além do riso e do pranto
    Riso aturdido num canto

    ResponderExcluir
  5. Muito obrigado, Adriano! Fico feliz com sua avaliação.

    Abraço grande

    ResponderExcluir
  6. Cicero,


    Um poema novo:

    "sem medo"



    olhou para os lados...
    ninguém observava nada.
    flertou-me
    flechou-me
    feriu-me

    ferida
    fundada
    sob funda
    arquitetura infinita
    do amor.

    falou-me
    lábio
    lábia
    lance
    maior ou melhor... não sei.

    falo?
    calo-me.
    sei sim aproveitar bem
    o instante
    sangrante

    do tempo:
    segundo
    seguinte
    dos muitos
    segredos.

    e disse-lhe, sem metáforas
    ou medos:
    eu amo
    você.
    viver? mágica quimera!



    Abração,
    Adriano Nunes.

    ResponderExcluir