24.1.11
Bertolt Brecht: "Als ich in weißem Krankenzimmer der Charité" / "Quando no quarto branco do hospital": trad. de Paulo César de Souza
O poema seguinte é um dos últimos de Brecht:
Quando no quarto branco do hospital
Quando no quarto branco do hospital
Acordei certa manhã
E ouvi o melro, compreendi
Bem. Há algum tempo
Já não tinha medo da morte. Pois nada
Me poderá faltar
Se eu mesmo faltar. Então
Consegui me alegrar com
Todos os cantos dos melros depois de mim.
Als ich in weißem Krankenzimmer der Charité
Als ich in weißem Krankenzimmer der Charité
Aufwachte gegen Morgen zu
Und die Amsel hörte, wußte ich
Es besser. Schon seit geraumer Zeit
Hatte ich keine Todesfurcht mehr. Da ja nichts
Mir je fehlen kann, vorausgesetzt
Ich selber fehle. Jetzt
Gelang es mir, mich zu freuen
Alles Amselgesanges nach mir auch.
BRECHT, Bertolt. Werke. Große kommentierte Berliner und Frankfurter Ausgabe. Frankfurt: Suhrkamp, 1988.
BRECHT, Bertolt. Poemas 1913-1956. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Editora 34, 2000.
Lindo! Pergunto-me de Ícaro, sentindo a cera quente a depenar-lhe o engenho, ter voltado menos ao chão que ao sonho.
ResponderExcluir"You were our ferry
thudding in a big sea,
the whole craft ringing
with an armourer´s music
the course set wilfully across
the ungovernable and dangerous"
(Seamus Heaney)
Quando se sabe que nada falta e não faltará. A compreensão plena do "depois de mim". Lindo mesmo!
ResponderExcluirAbraço.
Jefferson.
Bom vir aqui e encontrar esta beleza de poema.
ResponderExcluirPena que não pude ir hoje ao Palavra Toda. Deve ter sido um arraso!
Beijos.
sempre venho aqui.agrada-me. é de bobeira. tudo reconheço. pra mim advem de influência de haroldo de campos... mas também de vc e outros e vários.é tudo bom. dê um retorno cícero. fico contente. não tenho pretenção... abraço.
ResponderExcluirLetícia,
ResponderExcluirpena que você não foi. Foi legal. O Chico Alvim foi o máximo.
Beijo
Obrigado, Isaias. Haroldo é um grande mestre. Que bom que você gosta de vir aqui.
ResponderExcluirBeijo
Tive o privilégio de ouvi-lo ontem no SESC-Copacabana e confirmei, ao vivo, o que eu já havia percebido nos seus áudios disponíveis de alguns poemas: técnica refinada de recitação, desvelando sutis dimensões dos belos poemas, que muitas vezes ficam inacessíveis sem a prosódia única do autor ( esta experiência estética é similar à que experimento com alguns compositores de música popular, como Nelson Cavaquinho, cujo "pathos" ao cantar é imprescindível para a completa apreensão das suas doloridas e sublimes canções).
ResponderExcluirGostei verdadeiramente!
Pena que nem sempre estou aqui no Rio para ouvi-lo com mais frequência.
Felicidades!
Mariano
Muito obrigado, Mariano. Fico feliz de você ter gostado.
ResponderExcluirAbraço grande