9.11.10

Ricardo Silvestrin: "não quero mais de um poeta"

Li o seguinte poema de Ricardo Silvestrin no excelente livro que Antonio Carlos Secchin acaba de lançar, Memórias de um leitor de poesia, e não pude deixar de pescá-lo para os leitores deste blog:




não quero mais de um poeta

que a sua letra

palavra presa na página

borboleta

nem quero saber da sua vida

da verdade que nunca foi dita

mesmo por ele

que tudo que viveu duvida

não revirem a sua cova

o seu arquivo

é no seu livro que o poeta está enterrado

vivo.




SILVESTRIN, Ricardo. "não quero mais de um poeta". Palavra mágica. Porto Alegre: Massao Ohno, 1994.

SECCHIN, Antonio Carlos. Memórias de um leitor de poesia. Rio de Janeiro: Topbooks, 2010.

7 comentários:

  1. "A realidade e a imagem" de Manuel Bandeira,

    O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva
    E desce refletido na poça de lama do pátio.
    Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as separa,
    Quantas pombas passeiam.

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  2. Ótimo poema. Muito a calhar, pois talvez você não imagine, Cícero, o quanto é difícil, mesmo entre alunos de Letras, fazer com que eles abandonem o biografismo mais redutor e simplório, um século de teorias da literatura depois (das mais às menos consistentes). É estranho, para quem dá aula disso, você expor razões, discutir textos, apresentar argumentos e, num bom número de cabeças receptoras - não em todas, claro, porque aí seria o caso de pensar em suicídio - nada disso convencer, ficar um ar assim de "estou sendo enrolado". Aí se corre prum livro de divulgação qualquer ou pra uma wikipedia da vida e tome de vida-e-obra a torto e a direito. Bom, mas você não tem nada com isso, desculpe. viva mais esse poema, abraço.

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  3. Agradeço a Alexandre por me ter enviado informação bibliográfica precisa sobre o poema do meu amigo (porém que não vejo há algum tempo, pois moro no Rio e ele, em Porto Alegre) Ricardo Silvestrin.

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  4. Cicero,


    Fiquei amigo do Ricardo através do facebook e sse poema dele é uma beleza... Ou melhor, belíssimo!


    Abração,
    Adriano Nunes.


    um poema novo:

    "reflexo II"



    eu vim
    fitá-lo
    furtá-lo
    de mim

    enfim
    vendá-lo
    velá-lo
    sem fim

    assim
    espe-lho-o
    espa-lho-o

    em mim
    esc o-lho-o
    pe lo o-lh o.

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  5. Obrigada Poeta por compartilhar conosco, teus leitores, este genial poema de Ricardo Silvestrin,estes versos:"é no seu livro que o poeta está enterrado vivo", para mim, é um epitáfio poético para não morrer!!!

    Beijos

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Ricardo Silvestrin é um " ar invisível que sustenta tudo" o que diz...
    grande poeta gaúcho e cidadão do mundo. de dizer universal.

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