25.8.10

Dante Milano: "O beco"




O beco


No beco escuro e noturno
Vem um gato rente ao muro.
Os passos são de gatuno.
Os olhos são de assassino.

Esgueirando-se, soturno,
Ele me fita no escuro.
Seus passos são de gatuno.
Seus olhos são de assassino.

Afasta-se, taciturno.
Espanta-o o meu vulto obscuro.
Meus passos são de gatuno.
Meus olhos são de assassino.



MILANO, Dante. Poesias. Rio de Janeiro: Sabiá, 1971.

14 comentários:

  1. leio minski
    escuto eita mar

    o padim, estou a encontrar

    a rima é facil
    ao lado dos leões
    sou olhar assírio
    nessas multidões

    infinito compasso cheio de laços
    sob a neblina de minha vida
    um sonho, um moinho, uma flor

    insconstante e polissincrático
    sem medo do que é facil
    sabendo que
    as
    coisas
    belas
    são
    difíceis

    Anisio Candido
    feito agora, 26 08 2010
    1:56
    (ainda não cuido do meu blog... mas tenho facebook...) internet fria e navegante...

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  2. Gosto deste poetavb e deste poema.Abraço

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  3. maravilhoso poema!

    felinos e poetas tem uma relação estreita.
    Um de meus primeiros poemas (dos poucos que não foram incinerados)é "filho" do Tigre de Blake, e encarna a reverência que nutro pela personalidade, beleza e funcionalidade dos gatos, simbolizadas na verticalidade de suas pupilas.

    abraços!

    RETILÍNEO

    ¿que ideia ferina
    molda os olhos ariscos
    do gato?

    ¿que luz insone,
    verticaliza seus riscos?

    ¿que horizontes se admiram
    no seu ato convicto?

    ¿que reto instinto
    imprime seu intacto
    olhar retilíneo?

    ¿que precisão arrisca
    o gato em ato explícito?

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  4. Sutura

    Dê-me um leme
    Em que eu possa navegar
    Pelos rios, mares
    Eu faço a ruptura
    Sutura
    Das feridas, vidas
    Que foram e hão de ficar
    Dê-me algo
    Em que eu possa acreditar
    Alguma coisa distante
    E perto de mim o bastante
    Navegando sem rumo
    Estranho mundo, sargaços
    O tempo em roda
    Cantiga de moda
    Sorriso meigo da avó
    Descreve
    Anuncia, vivencia, cria
    Terra sem tempo
    Tempo sem terra
    De ponta cabeça o mundo
    Turquesa
    Sutileza da tua voz

    Para Adriano Nunes

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  5. Cicero,

    Lindo poema, tenso! Gostei muito!

    Um poema antigo:


    "transe"

    trans
    tornado
    trans
    formado
    trans
    figurando
    trans
    atlântico

    em trânsito...

    dentro

    do
    ópio
    do

    âmago.




    Abraço imenso,
    Adriano Nunes.



    P.s.: Alcione, obrigado, mais uma vez, pelo belo poema!

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  6. poema atrai poema
    poema atras do poema
    poema tras poema

    pomemapoemapoema

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  7. Dante Milano... hum... dica de leitura, querido. Obrigado!

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  8. observador,

    que prazer ver resgatada a poesia de dante milano! tenho cá comigo um livro bastante antigo dele e não me canso de imaginar os motivos para poucos o conhecerem.

    maravilhoso o verso e a sua generosa publicação aqui.

    um beijo.

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  9. Eu que agradeço, Adriano, afinal, é uma retribuição, já que você antes dedicou-me um lindo poema, "Sinusal", que pode ser lido no seu blog QUEFAÇOCOMOQUENAOFAÇO, um beijo!

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  10. ta parecendo repente em alguma praça publica, um poema puxa outro, cada qual mais lindo !

    vou botar esse aqui :


    "O homem velho deixa a vida e morte para trás
    Cabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca mais
    O grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinais
    O homem velho é o rei dos animais


    A solidão agora é sólida, uma pedra ao sol
    As linhas do destino nas mãos a mão apagou
    Ele já tem a alma saturada de poesia, soul e rock’n’roll
    As coisas migram e ele serve de farol


    A carne, a arte arde, a tarde cai
    No abismo das esquinas
    A brisa leve traz o olor fulgaz
    Do sexo das meninas


    Luz fria, seus cabelos têm tristeza de néon
    Belezas, dores e alegrias passam sem um som
    Eu vejo o homem velho rindo numa curva do caminho de Hebron
    E ao seu olhar tudo que é cor muda de tom


    Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval
    Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal
    Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual
    Já tem coragem de saber que é imortal"

    caetano veloso

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  11. e ja que nao sou poeta, vou botar tbm essezinho d'emily dickinson, aquela moça melancolica que vivia trancada no quarto e que adoro :


    "I DIED for beauty, but was scarce
    Adjusted in the tomb,
    When one who died for truth was lain
    In an adjoining room.


    He questioned softly why I failed? 5
    “For beauty,” I replied.
    “And I for truth,—the two are one;
    We brethren are,” he said.


    And so, as kinsmen met a night,
    We talked between the rooms, 10
    Until the moss had reached our lips,
    And covered up our names."

    emily dickinson

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  12. ao assunto felino, envio um haikai feito no outono:



    a gata olha fixo
    numa tarde alaranjada
    qual segredo oculta?

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  13. mt bom este poema do fred girauta!

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  14. Que bom que gostaste, Rodrigo. Obrigado!

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