6.7.10




Ravel


Todo telefone é terrível - negro
guerrilheiro, à escuta na sala
disfarçado ao lado do sofá
à espera, no gancho
sempre na véspera
com o grampo da granada
já nos dentes.
A única saída é ocupá-lo
para que não estoure
(não posso te agarrar daqui
nem pelos fios dos cabelos
pare antes que toque
e o infinito acabe).
Todo terrível é telefone - negro
à escuta
guerrilheiro à espera
ao lado do sofá
disfarçado na sala
na véspera da granada
com o grampo nos dentes fora do gancho
ocupando a única saída
para que não estoure
(não posso nem pelos cabelos
antes que acabe e toque
o infinito, te agarrar, nos fios, pare
daí).




FREITAS FILHO, Armando. In: BUARQUE DE HOLLANDA, Heloisa (Org.). Armando Freitas Filho. Coleção Melhores Poemas. São Paulo: Global Editora, 2010.

7 comentários:

  1. "A poesia cura as feridas infligidas pelo intelecto", Novaris.

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  2. haha, agora continua sendo terrível mas é multicor...

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  3. Cicero,


    Belo poema!

    O meu soneto mais recente:

    "Proveta provisória II"


    A vida, gota
    A gota, agora
    Vinga. Lá fora,
    Placenta rota,

    Líquido escorren-
    Do. Nada além
    Do verso vem
    À tona. Envolven-

    Do sonho, tudo,
    Toda alegria,
    Só sangraria:

    Útero mudo,
    Mundo desnudo,
    Dia após dia!

    Abração,
    Adriano Nunes.

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  4. Prezado Antônio Cícero,
    O Sr. não é o Google, muito menos a Wikipedia, mas talvez, na condição de filósofo-poeta, possa fazer a gentileza de me dizer quem escreveu o poema onde se encontram os seguintes versos espanhóis:

    Trabalhar era bom lá no sul
    Cortar as árvores
    Fazer canoas com seus troncos

    Grande obrigado!
    Paulo
    PS: caso não saiba, não se dê ao trabalho de responder.

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  5. Já vi essa citação de Novaris aí de cima com outra tradução: “A poesia cura as feridas infligidas pela razão”. Intelecto, razão... talvez de tudo no mesmo, mas o cara era um poeta romântico e essa turma implicava com a razão...

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  6. Fio

    Serra elétrica, patética
    Carregador de pilha
    Ilha, carretilha
    Cartas
    Marcas
    Borbulhas, fagulhas
    Estio
    O desejo naquele navio
    A vida por um fio.

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  7. Caro Cícero:
    Respondo ao Paulo. O poeta do verso “Trabajar era bueno em el sur. Corta los árbores, hacer canoas de los troncos”, é Aurélio Arturo Martinez, foi um poeta colombiano que nasceu em nasceu em 1906 e morreu em 1974. Existe um verbete sobre ele na Wikipédia.

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