Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. "Claro enigma".
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
Cicero,
ResponderExcluiramo Drummmond e este poema é muito lindo. Lê-lo me leva a um outro poema, de Pessoa:
Fernando Pessoa
"Cancioneiro"
"Isto"
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
Aliás, meu novo poema:
"pensar" - Para Péricles Cavalcanti.
que pulse
a vida
que passe
o vento
que pese o
poema
que pire
o tempo
que pênsil
o sonho!
que pense o...
sol-cérebro
apenas.
pulsando o
pretérito o
presente
pra sempre
pesando
passando
pra quê?
o sono
que expire
que expulse
o sonho
quem sonho?
quem soma?
que sumo?
que senda?
que surto?
quem sendo?
quem sangra?
(o risco
mais íntimo,
no mínimo)
canção
que surge.
Forte abraço,
Adriano Nunes.
Cicero,
ResponderExcluir"No céu também há uma hora melancólica. Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas."
(Drummond)
Meus sentimentos.
Aetano
Obrigado, Aetano.
ResponderExcluirQuerido Cicero,
ResponderExcluirapesar de belo, é triste ler esse poema aqui. Que vocês sigam em frente com o mesmo brilho e que as coisas boas permaneçam vivas e iluminem nossa memória.
Um abraço apertado,
A.
Cicero,
ResponderExcluirAcompanhei a sua luta pela melhora de saúde da sua mãe. Meu sentimentos mais profundos!
"Partimos cuando nacemos,
andamos mientras vivimos,
y liegamos
al tiempo que fenecemos;
asi que cuando morimos
descansamos." - Jorge Manrique, Coplas por la muerte de su padre, V.
Adriano Nunes.
Obrigado, Arthur.
ResponderExcluirUm forte abraço
Muito obrigado, Adriano.
ResponderExcluirUm grande abraço
moço do verso mais lindo,
ResponderExcluirum abraço no seu coração.
Amado Cicero,
ResponderExcluirUm poema para você:
"Não se morre... Somente" - Para Antonio Cicero.
Não se morre... Somente
O tempo é que se esquece
De ser o tempo, (Apressam-se
As Parcas!) o presente.
Nada se desvencilha
Do instante fugidio.
Vê-se imenso vazio,
N'alma, feito armadilha.
A memória de tudo
Vinga: o flerte, disperso
Num universo mudo,
Afunda-se no inverso
Da morte. Porque tudo
É viver... Viver só.
Abraço grande,
Adriano Nunes.
Prezado Antonio Cicero,
ResponderExcluirPelo que percebo seu coração lancina de saudade. Meus sentimentos sinceros, eu cujo coração lancinou há um mês com o meu amado pai. Minha sincera solidadriedade a você.
"As coisas tangíveis
ResponderExcluirtornam-se insensíveis
à palma da mão."
Minha alma resolveu parar nesse verso, num daqueles instantes feito engasgo. Melhor calar!!!
Muito obrigado, Nobile José.
ResponderExcluirUm abraço
Muito obrigado, Wilson. Sinto muitíssimo também pelo seu pai.
ResponderExcluirGrande abraço
Cícero,
ResponderExcluirEstamos todos aqui, para extrairmos brilho em nossas convivências, pois só o amor é capaz de se manifestar como ...LUZ... E só a luz é capaz de se comunicar eternamente entre os diversos planos que compõem o mistério de nossa existência.
“as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão”
Sinta-se abraçado e confortado por quem te admira muito,
Com todo meu carinho, Monica
"Tua morte, como todas, foi simples.
ResponderExcluirÉ coisa simples a morte. Dói, depois sossega. Quando sossegou –
Lembro-me que a manhã raiava em minha casa – já te havia eu
Recuperado totalmente: tal como te encontras agora, vestido de mim."
vinicius de moraes
tenho certeza, poeta, de que vc transformará este pesar em alegria
(pois "a thing of beauty is a joy forever")
força! forte abraço,
rodrigo.
Cicero,
ResponderExcluirLamento muito.
Beijo grande para ti e para a Marina,
F.
"Estou aqui e não estarei, um dia,
ResponderExcluirem parte alguma.
Que importa, pois?
A luta comum me acende o sangue
e me bate no peito
como o coice de uma lembrança.
(trecho do poema maio 1964 de Ferreira Gullar)
Meus sentimentos, Antonio Cicero.
Muito obrigado, Mônica.
ResponderExcluirBeijo
Obrigado, Rodrigo.
ResponderExcluirAbraço
Obrigado, F.
ResponderExcluirAbraço
Obrigado, Alcione.
ResponderExcluirBeijo
Caro Cícero,
ResponderExcluirUno meus sentimentos de pêsames ao de todos que se manifestaram.
Força,
JR.
"Wo das Liebste gegangen, bleibt die Liebe zurück, denn ander könnte Jenes gar nicht gegangen sein" numa tradução irresponsável, mas, talvez, com o espírito desse autor/tradudor: "No vazio aberto pelo mais amado, resta o amor, doutro modo, ele ainda estaria aqui" Heidegger.
ResponderExcluirPara você este pequeno trecho das Elegias de Duíno - Sétima Elegia-R.M. Rilke:
ResponderExcluir"Oh, estar morto enfim e as conhecer infindamente, as estrelas todas: Pois como, como, como esquecê-las."
É isso, não as esquecemos jamais.
Abraços,
Obrigado, João Renato.
ResponderExcluirAbraço
Obrigado, Climacus.
ResponderExcluirObrigado, Maria Rodrigues.
ResponderExcluirBeijo
cara, não sou seu íntimo, nem sei ou sabia de nada, mas, força aí, abração!
ResponderExcluirLegal, Climacus.
ResponderExcluirAbraço
A viagem não acaba nunca.
ResponderExcluirSó os viajantes acabam.
E mesmo estes podem prolongar-se em memória,
em lembrança, em narrativa.
Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim.
O fim de uma viagem é apenas o começo de outra.
É preciso ver o que não foi visto,
ver outra vez o que se viu já,
ver na primavera o que se vira no verão,
ver de dia o que se viu de noite,
com o sol onde primeiramente a chuva caía,
ver a seara verde, o fruto maduro,
a pedra que mudou de lugar,
a sombra que aqui não estava.
É preciso voltar aos passos que foram dados,
para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles.
É preciso recomeçar a viagem.
Sempre.
José Saramago
Amado Cicero,
ResponderExcluirTodo o meu coração pra você nesse momento de dor!
"esse momento caro"
em silêncio, comparo
esse momento caro
em que um verso é criado
com todo o meu passado.
claro que me deparo
com um tesouro raro:
outro tempo é-me dado,
finco-me noutro fado.
à vida enfim declaro
que pode parar o
meu coração. cansado
de tudo, eis o meu brado!
Abraço forte,
Mateus.
Cicero,
ResponderExcluirMeu novo poema:
"Naufraguemos"
Naufraguemos...
E larguemos ao mar
Tudo que nos restar
Para vão salvamento:
Todos os pensamentos,
Amores, sons, silêncios,
Preces, promessas, prantos,
Esperanças, poemas,
Salva-vidas e os remos.
Entre corais, no abismo
Dos segredos marítimos,
Talvez exista a vida
Que já não temos, tudo
Que nos respira, o sonho
De um emergir agora.
Deixemo-nos em nós,
Dentro das nossas naus
Abandonadas, almas
Afogadas, quimeras
À tona, espectros sós.
Lancemo-nos ao vácuo...
Cabeça, tronco, membros,
Mentiras, taras, traumas,
Porquês, desculpas, tédios...
Entreguemo-nos vivos
Àquele escafandrista
De primeiro mergulho,
Àquele que nos quer
Relíquia, pedra rara,
Ouro, prata, memória!
Abração,
Adriano Nunes.
essa ruga entalhada
ResponderExcluirnos dias leves de outono,
quieta, mansa, discreta, ainda tensa,
tem a certeza da finitude eterna.
forte abraço, cícero.
Muito obrigado, Mateus.
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