24.3.10

Michel Deguy: "Les jours ne sont pas comptés" / "Os dias não estão contados": tradução de Marcos Siscar




OS DIAS NÃO ESTÃO CONTADOS

Saibamos formar um cortejo de deportados
                              [que cantam
Árvores com flancos de preces
Ofélia no flutuar do tempo
Assonâncias guiando um sentido ao leito do poema

Como designar aquilo que dá o tom?
A poesia como o amor arrisca tudo nos
                              [signos



Les jours ne sont pas comptés

Sachons former un convoi de déportés qui
                              [chantent
Arbres à flancs de prières
Ophélie au flottage du temps
Assonances guidant un sens vers le lit du poème

Comment appellerons-nous ce qui donne le ton?
La poésie comme l'amour risque tout sur des
                              [signes



DEGUY, Michel. A rosa das línguas. Org. e trad. de Paula Glenadel e Marcos Siscar. São Paulo: Cosac & Naify; Rio de Janeiro, 7 Letras; 2004.

15 comentários:

  1. Cicero,


    Que maravilha! Grato!



    Grande abraço,
    A. Nunes.

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  2. Ilha

    O barco carrega teu perfume
    Crê que é um vaga lume
    Que voa entre
    As rosas que estão formosas
    Uma vez botão
    Outra vez rosa
    As folhas feitas no cinzel
    São da cor da clorofila
    E a flor
    Cor de maravilha
    Na ilha feita só de mel
    E da doce redondilha.

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  3. "[...] para mim, sujeito amoroso, tudo o que é novo, tudo o que desarranja, é recebido, não sob a forma de um fato, mas sob a forma de um signo que é preciso interpretar. Do ponto de vista amoroso, o fato torna-se consequente porque se transforma imediatamente em signo: é o signo, não o fato, que é consquente (por seus ressoar)." Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso

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  4. Cicero,


    Meu novo poema:


    "Se há você no mundo"


    Como não querer
    Viver,
    Se há você no mundo,
    Se há alguém
    Muito interessante
    Pra mim,
    Logo ali,
    Bem naquela rua,
    Que me ama?

    Como não querer
    Sentir
    Todo esse prazer,
    O sonho
    De um verso,
    Todos os sentidos
    Sem nexo,
    À beira do sexo
    Poético?

    Lindo é
    Sorver
    Você quando está
    Sorrindo!
    Como não querer
    Tudo isso,
    Do fundo
    (Dos átrios, ventrículos)
    Do meu coração?



    Abração,
    Adriano Nunes.

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  5. Cícero,

    muito bom!



    Abraço,
    Mateus.

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  6. Cícero,

    Um poema que fiz pensando em você e em todos aquelas pessoas, assim como eu, que amam poemas e flores.

    "Primavera"


    Brota em mim
    Tua luz,
    Flor maior.

    Será lírio
    Ou libélula
    O teu olhar?

    Entre os campos
    Visuais,
    Violetas

    E alguns raios
    Desse céu,
    Quase lábio-

    Labirinto.
    Margaridas,
    Girassóis,

    Musgos, líquens,
    Rosas, ervas
    Danadinhas...

    Arrastando
    A retina
    Para além.

    Primavera?
    Nunca sei,
    Penso-a apenas.

    Vida, vida,
    Versos, vales
    Vastos... Vácuos

    Em minh'alma!
    Um buquê
    De palavras

    Recolhidas
    Do deserto
    Do meu ser

    Para ti,
    Pra que se abra
    Em mil pétalas

    Todo amor,
    Todo meio
    De senti-lo.


    Abraço,
    Mateus.

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  7. mto bom.
    minha pausa pro café necessariamente passa por aqui.
    respiro e volto pro batidão.
    aliviado por saber "que os dias não estão contados".
    bj.

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  8. A poesia como o amor arrisca tudo nos
    [signos

    isso é lindo!



    E esse tempo é só nosso,
    para os outros, oculto....
    para mim,
    - indiscreto.

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  9. Por que o amor não diz nem se cala, mas oferece sinais (Heráclito)?

    Trata-se, apenas, de uma estratégia de sedução?

    Palpite:

    "Das Sinnbild des anwesenden Abwesenden und des abwesenden Anwesenden ist die Maske" Heidegger

    "A imagem sensível do ausente presente e do presente ausente é a máscara".

    salve Dionísio!

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  10. Ah, feito aranha
    sem estratégia
    porque o macho
    não demora, a luta
    de classe, de sala
    do bate papo agradável
    o antigo TV sofá e sem fumaça
    elas ainda trazem o café
    para temperar a alienação
    "fora da rotina semanal"

    "Os dias eram assim"

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  11. Identifiquei-me muito com esse poema.

    Grande Abraço,

    Cicero.

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  12. Cícero,
    obrigada por mais este belíssimo poema. É maravilhoso poder aprender com você.
    Foi uma alegria imensa te conhecer (no CCBB, no último domingo).
    Você é uma simpatia.

    Grande Abraço
    Anita

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  13. Obrigado, Anita. Também adorei conhecer você.

    Beijo

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