15.2.10
Augusto Frederico Schmidt: Soneto
Soneto
O desespero de perder-te um dia
Ou de vir a deixar-te neste mundo,
Habita o coração inquieto e triste
Enquanto a noite rola e o sono tarda.
Olho-te, e o teu mistério me penetra;
Sinto que estás vivendo o breve engano
Deste mundo, e que irás também, um dia,
Para onde foram essas de que vieste.
– Essas morenas e secretas musas,
Tuas avós, ciganas de olhos negros
Que te legaram tua graça triste.
Lembro que esfolharás na eterna noite
A rosa de teu corpo delicado,
E ouço a noite chorar como uma fonte.
SCHMIDT, Augusto Frederico. Antologia Poética. Seleção de Waldir Ribeiro do Val. Introdução de Bernardo Gersen. Rio de Janeiro: Leitura, 1962.
antes da morte. do instante do amor.
ResponderExcluirmas há uma leveza e uma simplicidade neste poema de Augusto que agradam muito.
Um abraço, Cicero.
Jefferson.
observador,
ResponderExcluirdelicadíssimo!
belo post.
grande abraço.
Um sofrimento por algo que ainda nemcomeçou. Se eu me for, se minha amada se for... Só mesmo os poetas para sublimar esse mal estar do que há de acontecer através de poesia... Salve a poesia
ResponderExcluirpq ela nos salva...
Lindíssimo, Cícero. A.Frederico Schmidt tem mesmo algumas belezas assim.
ResponderExcluirCicero, um poema que escrevi:
ResponderExcluirem você todo tremor
está no odor da carne
no suado paladar de beijo
não há nenhuma tontura
que se espalha destas pernas
abertas às minhas mãos
não há mesmo nenhum deus
entre a mirra e a canela
da água eriçada de seus poros
eleva-se o toque crescente
sob o calor da noite, do dia
na firmeza do aroma forte
sinto o rosto hortelã de seu sexo
que adensa no ar, evapora
e desaparece sem vertigem
Um abraço.
Jefferson.
Cicero,
ResponderExcluirQue lindo e delicado poema! Amei! Grato!
Grande abraço,
Adriano Nunes
Cicero,
ResponderExcluirMeu primeiro poema após voltar de Porto Velho. O primeiro "alagoano" de 2010:
"Isso a que mais me proponho"
Último dia de festa
Na cidade. Tudo passa
Entre o frêmito da massa
E o frevo. Que ainda resta
Da embriagada alegria
Da vida? Como guardá-la,
Através da minha fala,
Do tempo? O que não seria
De mim se não fosse o sonho,
Isso a que mais me proponho?
Talvez, não vingasse nada.
Às traças, a madrugada
É visivelmente dada:
Outro carnaval suponho.
Grande abraço,
Adriano Nunes
É por isso que eu adoro "Acontecimentos": acabo conhecendo coisas lindas, de qualidade, bem escolhidas e que amaciam meu coração. Obrigada.
ResponderExcluirAntonio,
ResponderExcluirQue belíssimo e intenso soneto!
Um poema que fiz hoje:
"Coisa alguma, não" - Para Nélson Ascher.
Que quero? De tudo,
Um pouco fiz: versos
Pra vida, até nexo
Sem medida, amei
Homem e mulher.
Planta, pedra, plástico,
Bicho, bruxa, fui.
Carta, cores, corpo,
Alma - Que é que sou
Ainda? O que busco
Em mim, nessas horas
Sem fim, sem momento,
Sem forma? Proteu,
Perseu, Circe, Cila,
Medusa, Medéia,
Que pude ser eu
Assim? A vontade
É mesmo não ser
Coisa alguma, não
Ter que só sentir
O unverso em mim.
É como se o tempo
Tivesse parado,
Uma cena em pausa.
Talvez, o silêncio
Do papel em branco
Apague essa dúvida.
Ah! Roleta-russa!
Beijos,
Cecile.
Que poema lindo!!!
ResponderExcluirque maravilha, cicero!!!
ResponderExcluirpôxa, que sensibilidade!!... porque esse tipo de pensamento, de verificação, de preocupação - o medo da perda de quem se ama - acontece mesmo, justamente pela importância que possuem aqueles que amamos. isso me bate também.
e esse poema me lembrou um seu, cujos nome e versos não me ocorrem agora, no qual você também lança um olhar de observação e admiração pela pessoa amada enquanto esta dorme, perguntando-se que reinos, que mundos seu sonho funda, busca, sonha. delicadíssimo, um primor.
de algum modo, convergem, a sua e a poesia do gastão, por causa dos grandes sentimentos de carinho e cuidado extremos que são percebidos, que são explicitados, e ambos os poemas tratam do amante que está ali, ao alcance das vistas, num momento de repouso.
enfim: ADOREI!!!
beijão, lindão!!
Lindo soneto. Amargo como a perda de um grande amor... mas lindo.
ResponderExcluirAugusto Frederico Schmidt, Alceu Amoroso Lima e Edgar da Mata-Machado foram alguns dos intelectuais brasileiros marcados pela passagem do escritor francês Georges Bernanos por aqui. A visita que ele recebeu de Stefan Zweig à véspera de este suicidar-se, sua revolta contra a mediocridade dos intelectuais e a ascensão do totalitarismo e sua amizade com pensadores brasileiros são alguns dos detalhes narrados por Sébastien Lapaque em “Sob o Sol do Exílio: Georges Bernanos no Brasil (1938-1945)”, obra que acaba de ser lançada pela É Realizações Editora, dando continuidade à Coleção Georges Bernanos.
ResponderExcluirMatérias na Folha de S. Paulo a propósito do lançamento do livro:
“Descendentes de Bernanos estão espalhados pelo Brasil”: http://goo.gl/ymS4lL
“Sob o sol de Barbacena”: http://goo.gl/O8iFve
Para ler algumas páginas de “Sob o Sol do Exílio”: http://goo.gl/6hAEOM
Confira também:
Diálogos das Carmelitas: http://goo.gl/Yy3ir3
Joana, Relapsa e Santa: http://goo.gl/CAzTTk
Um Sonho Ruim: http://goo.gl/Kd091z
Diário de um Pároco de Aldeia: http://goo.gl/ISErLc
Sob o Sol de Satã: http://goo.gl/qo18Uu
Nova História de Mouchette: http://goo.gl/BjXsgm
ANDRÉ GOMES QUIRINO
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