21.1.10

Luís Quintais: "Nuvens"




Nuvens

A metafísica será talvez
uma indisposição que se quer passageira.

Porém, eu continuo a inquietar-me
com as nuvens que são arrastadas,

violentamente arrastadas, na direcção sudeste,
filtrando a luz do sol em obsessiva correria.



QUINTAIS, Luís. Duelo. Lisboa: Cotovia, 2004.

3 comentários:

  1. Adorei o poema "Nuvens" e aproveito para enviar outro de um de meus escritores preferidos:Affonso Romano de Sant'Anna.

    Musicalidades

    E eu que pensava, fosse o amor
    um calmo oboé de Mozart.
    Sim, também o é.
    Mas súbito, pancadas do destino
    arrebentando as portas se ouvem.

    É o amor, e é Beethoven.

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  2. Cicero,

    Muito bom! Grato!


    Grande abraço,
    Adriano Nunes.

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  3. Gozado, os 2 primeiros versos são muito Alberto Caeiro, mas o restante do poema é totalmente anti-Caeiro. Afinal, segundo este heterônimo de Pessoa, nuvens nunca estariam em "obsessiva correria", já que nuvens são apenas nuvens. Parece que o restante do poema assumiu a "indisposição metafísica" de que falam os primeiros versos.
    Enfim, "Sentir? Sinta quem lê!", já dizia o mestre português.

    Abbracci,

    Paulo

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