4.12.09

Safo: Fragmento 1




Safo, Fragmento 1

Afrodite imortal de trono multicor,
filha de Zeus, tecelã de intrigas, suplico-te:
não dobres a sofrimentos e angústias,
senhora, meu coração;

mas aproxima-te, se jamais no passado
ouvindo meu grito de longe
atendeste, e deixando o palácio dourado
do teu pai, vieste,

tendo atrelado o carro: trouxeram-te belos
pardais velozes sobre a terra escura,
e, turbilhonando as asas no ar
celeste,

logo chegaram; e tu, Bem-Aventurada,
com um sorriso no rosto imortal,
perguntaste por que sofro agora e por que
de novo te chamo,

e o que é que mais almeja
meu louco coração. "Quem, agora
convenço para o teu amor? Quem,
ó Safo, te faz mal?

Pois, se ela foge, logo perseguirá;
se recusa presentes, presentes oferecerá,
se não ama, logo amará,
mesmo sem querer."

Vem para mim também agora, livra-me
deste sofrimento atroz, realiza tudo o que meu
coração deseja realizar: sê de novo
minha aliada.







Poetarum Lesbiorum fragmenta. Lobel, E.; Page, D.L. (Org.). Oxford: Clarendon Press, 1968.

6 comentários:

  1. Vênus por aqui. Aproximando-se. É a hora.

    Após ler os versos de Safo sempre fico pensando:
    Vênus ou Safo é o Amor?

    Safo é simplesmente PRESENÇA em Amor.

    Adoro.

    Jefferson.

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  2. Cicero,


    Que lindo! Que alegria foi ter lido esse poema!

    Grato,
    Adriano Nunes.

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  3. Oh, manhã dourada
    O que dizes
    Em versos embriagada
    Meus olhos perdem-se com o vento
    Não ouço lamentos
    Ouço um concerto
    Enquanto os passarinhos cantam
    Os primeiros singelos momentos
    Tijolo por tijolo
    Cada verso tolo
    Tecendo a estrada.

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  4. Cicero,

    Meu mais recente poema:


    "Inter (esse) dito" - Para Mariano.




    Esse verso corte
    Esse, ainda não
    Esse, sobre morte
    Esse, coração

    Esse quase cala
    Esse quase vinga
    Esse se fez vala
    Esse, feito pinga

    Esse me embebeda
    Esse me atormenta
    Esse a vida veda
    Esse, mágoa benta

    Esse não me cura
    Esse não é nada
    Esse, só loucura
    Esse, só mancada

    Esse, sempre assim
    Esse, redondilha
    Esse calhe em mim
    Esse, fim de trilha.


    Grande abraço,
    Adriano Nunes.

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  5. Antonio,


    Que encanto sublime esse poema! Salve Safo! E que Eros nos atinja!

    Um poema:

    "Língua" - Para Nelson Ascher.


    Cega,
    Sigo a
    Regra a-

    Braço-a a
    Gora a
    Garra-

    Me tal
    Mágica: a
    Mor

    De
    Língua
    Lácio.


    Beijos,
    Cecile.

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  6. paulinho (paulo sabino)8 de dezembro de 2009 às 11:41

    maravilha!!

    que poema de amor forte, intenso!! é a tragédia, o grande drama.

    AMEI (rs)!!

    beijo, riqueza!!

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