24.11.09
Rainer Maria Rilke: "Herbsttag" / Tradução de Nelson Ascher: "Dia de outono"
Sou grato a Nelson Ascher por me ter autorizado a postar aqui a sua belíssima tradução inédita da obra-prima de Rilke, "Herbsttag":
Dia de outono
Senhor, foi um verão imenso: é hora.
Estende as tuas sombras nos relógios
de sol e solta os ventos prado afora.
Instiga a sazonarem, com dois dias
a mais de sul, as frutas que, tardias,
conduzes rumo à plenitude, e apura,
no vinho denso, a última doçura.
Quem não tem lar já não terá; quem mora
sozinho há de velar e ler sozinho,
escrever longas cartas e, a caminho
de nada, há de trilhar ruas agora,
enquanto as folhas caem em torvelinho
Herbsttag
Herr: es ist Zeit. Der Sommer war sehr groß.
Leg deinen Schatten auf die Sonnenuhren,
und auf den Fluren laß die Winde los.
Befiel den letzten Früchten voll zu sein;
gib ihnen noch zwei südlichere Tage,
dränge sie zur Vollendung hin und jage
die letzte Süße in den schweren Wein.
Wer jetzt kein Haus hat, baut sich keines mehr.
Wer jetzt allein ist, wird es lange bleiben,
wird wachen, lesen, lange Briefe schreiben
und wird in den Alleen hin und her
unruhig wandern, wenn die Blätter treiben.
Eine sehr schöne und treue Übersetzung! Rilke ist fantastisch.
ResponderExcluirO instante, o momento, a hora, o dia do Outono de Rilke. Belas imagens.
ResponderExcluirLindo poema, linda tradução.
Obrigado.
Abraços do Jefferson.
Belíssimo poema!!! Muito agradecido a Ascher e a Cicero.
ResponderExcluirP.S. Cicero, o trecho do seu poema "inverno" ("faço longas cartas pra ninguém") faz remissão a esse poema?
Abraços
Aeta
Aetano,
ResponderExcluirfaz sim. Há muito tempo esse é um dos meus poemas que mais amo.
Abraço
Cicero,
ResponderExcluirQue belíssimo poema e que maravilhosa e intensa tradução de Ascher!
Valeu, meu grande amigo, por sempre estar compartilhando essas pérolas!
Grande abraço,
Adriano Nunes.
que imagem de outono, de introspecção, com ventos, frutas tardias e leitura solitária..............
ResponderExcluirSer forte
ResponderExcluirQuerer
Quase derreter
Da flor que tece
Tudo que me move
E que não está na lápide
Nem no altar
De novo a flor está in love
Navegando pelo mar sem fim
Aqui bem dento de mim...
Ahnn volto a ler o poema.A lembrança deste estado "de outono" horas sem relógio, matéria finíssima de tempo.Habito neste estado..que bom ler Rilke!
ResponderExcluiro poema e seu paradizo
ResponderExcluirOlá poeta! Tudo bem? Este poema foi o meu primeiro contato com Rilke. Apaixonei.
ResponderExcluirAdoro seus poemas, especialmente aquele que diz assim: "entre bilhõede humanos e seriais enganos quero te abraçar". Lindo!!!
Grande beijo,
Camila
Acabo de descobrir esse cantinho - o que seria da terra, que é redonda, se não fossem os cantinhos?
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