1.5.09

Alice Ruiz: "mosquito morto"

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mosquito morto
sobre poemas
asas e penas



De: RUIZ, Alice. Desorientais. São Paulo: Iluminuras, 1996.

8 comentários:

  1. Amado Cicero,

    Desorientou-me e fez-me lembrar de um poema do Arnaldo Antunes:



    "Para Lá"
    Arnaldo Antunes


    Se toda escada esconde
    Uma rampa
    Ampara o horizonte
    Uma ponte
    Para o oriente
    Um olhar
    Distante

    Em volta de um assunto
    Uma lente
    Depois de cada luz
    Um poente
    Para cada ponto
    Um olhar
    Rente

    E a montanha insiste em ficar lá
    Parada
    A montanha insiste em ficar lá
    Para lá
    Parada
    Parada

    Diante do infinito
    Um mosquito
    Em torno de um contorno
    Gigante
    Cada eco leva
    Uma voz
    Adiante

    Decanta em cada canto
    Um instante
    De dentro do segundo
    Seguinte
    Que só por um momento
    Será
    Antes

    E a montanha insiste em ficar lá
    Parada
    A montanha insiste em ficar lá
    Para lá
    Parada
    Parada




    Beijo imenso!
    Adriano Nunes.

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  2. Cícero,
    Esse hai-kai ficou incrível; a gente viaja com essas seis palavrinhas.
    Abraço,
    JR.

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  3. PARA VOCÊ,


    "UM POEMA"


    Que alegria
    É viver
    Livre! Apenas,


    Eu queria
    Ver nascer
    Um poema,


    Ter nas mãos
    Papel, lápis,
    Esse sonho


    E parir
    Tudo, não
    Ser em Vão!


    Beijo imenso,
    Adriano Nunes.

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  4. a poesia

    ao sol

    entoa sal

    e tempestade

    lavra

    engenho

    palavra

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  5. Fera Alice Ruiz... Pena do poema e do mosquito. Abração!

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  6. Antonio,

    Gostei muito desse pequeno poema. Obrigado por partilhá-lo.

    grande abraço,
    Lucas

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  7. esse hai-kai da raiz da ruiz, você bem o sabe, é um dos meus prediletos.

    impressionante como a poeta consegue concentrar tanto em tão poucas linhas... é, rapaz, a sabedoria dos hai-kais...

    maravilha!

    beijo, meu poeta porreta!

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  8. Alice aprendeu bem. Con-centrado, o poema respira a si mesmo. Isso é zen. Um lago, um oceano. Mas, veja: ainda é um haikai ocidental. Alice não virou montanha. Precisa esquecer o que dizer sobre o mundo e respirar o zen com as palavras.
    Quando escrevia haikais, nunca consegui esquecer o mundo. Essa ocidentalização pode ser uma forma útil de resgate. Não sei.

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