21.4.09

Jean-Michel Maulpoix "La mer se mêle avec la mer" / "O mar mistura-se ao mar": Traduzido por Mário Laranjeira

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O mar mistura-se ao mar
Mescla os seus laços, lagos, poças
Suas idéias de gaivotas e de espumas
Seus sonhos de algas e alcatrazes
Aos graves crisântemos azuis ao largo
Aos miosótis em tufos nos muros alvos das ilhas
Às equimoses do horizonte, aos faróis apagados
Aos sonhos do céu impenetrável.



La mer se mêle avec la mer
Mélange ses lacs et ses flaques
Ses idées de mouettes et d'écumes
Ses rêves d'algues et de cormorans
Aux lourds chrysanthèmes bleus du large
Aux myosotis en touffes sur les murs blancs des îles
Aux ecchymoses de l'horizon, aux phares éteints
Aux songes du ciel impénétrable



De: MAULPOIX, Jean-Michel. "La mer se mêle avec la mer". In: LARANJEIRA, Mário (seleção, tradução e introdução). Poetas de França hoje. São Paulo: Edusp / Fapesp, 1996.

14 comentários:

  1. esse poema remeteu-me a um outro, que abre o livro de poemas "Trilce", de Cesar Vallejo, do qual tenho feito algumas traduções. Aí vai...

    Quem faz tanta bagunça, e nem deixa
    testar as ilhas que ficam

    Um pouco mais de consideração
    e então já será tarde, cedo,
    e melhor se aquilatará
    o tutano, a simples calabrina tesórea
    que brinda sem querer,
    no coração insular,
    salobre alcatraz, a cada hialoidéia
    grupada.

    Um pouco mais de consideração,
    e o adubo líquido, seis da tarde
    DOS MAIS SOBERBOS BEMÓIS

    E a península pára
    de bruços, laçada, impertérrita
    na linha mortal do equilíbrio.



    Quién hace tanta bulla y ni deja
    Testar las islas que van quedando.

    Un poco más de consideración,
    en cuanto será tarde, temprano,
    y se aquilatará mejor
    el guano, la simple calabrina tesórea
    que brinda sin querer,
    en el insular corazón,
    salobre alcatraz, a cada hialóidea
    grupada.

    Um poco más de consideracíon,
    y el mantillo líquido, seis de la tarde
    DE LOS MAS SOBERBIOS BEMOLES.

    Y la península párase
    por la espalda, abozaleada, impertérrita
    en la línea mortal del equilíbrio.

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  2. O mar, de tão simples, acaba sendo composto! Abraço!

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  3. o sonho de mar a um mar. Lindo poema. Valeu pelo texto!

    Um abraço.
    Jefferson

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  4. Caro Antonio Cícero,

    Desconhecia o poeta Jean-Michel Maulpoix, e agradeço-lhe o ter postado este belo poema sobre o mar, que até se pode transfor(mar) metaforicamente num oceano.
    Obrigado,

    Domingos da Mota

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  5. Seu desejo é como o holofote

    que vasculha as nuvens.

    Quanto a mim, me imagino

    sempre

    sendo as próprias nuvens,

    refletidas no espelho

    dos seus olhos semi-abertos.

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  6. Cicero,

    Lindo!


    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  7. Cicero,

    "COTIDIANO"


    Varrem o céu matutinos vértices
    Da aurora. Não há nenhum vestígio
    De Deus nessa manhã: são só restos
    Das áureas metáforas da vida,


    Da fotossíntese, das usinas,
    Das fábricas de tédios e fugas,
    Desse transe, desse caos de ferro,
    Pedra, ruídos, palavras, sonhos.


    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  8. Este poema parece descrever um mar de Turner,em especial quando fala nas "equimoses do horizonte" onde céu e mar se mesclam em manchas de sonhos.Não lhe remete a Turner?

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  9. Antonio,

    Meu novo poema:


    ***MILIMÉTRICO***


    Meço o corpo:
    Universo
    Milimétrico


    De desejos.
    Somos loucos
    De verdade?


    Averiguo
    Se no espírito
    Há vestígios


    De nós dois.
    Não restou
    Quase nada


    Dessa transa
    Teatral -
    Nem poemas!



    Beijos,
    Cecile.

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  10. Antonio, sou grande fâ da sua obra e recorto e guardo todas os textos que publica na Folha.

    Já acompanho esse blog há muito tempo. Já pensou em colocar um gagdet de seguidores? Concerteza baterá recordes! rsrs

    Gostaria de lhe divulgar meu blog:

    http://tempo-horario.blogspot.com/

    que trato especialmente de Filosofia e acabo de concluir alguns textos sobre Kant, lembrei de vc logo que li o termo "Finalidades sem fim"...

    Atenciosamente, BRUNO

    Abraços!

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  11. Amado Cicero,

    Um outro poema vindo do desassosego:



    "AUTÓLISE"


    Talvez, por estranhar demais meu ser,
    Eu me entrego a tudo, para viver:


    À saudade,
    Aos meus versos,
    Às mentiras,
    Às loucuras,
    Aos meus medos,
    Às vontades,
    Ao vazio.


    Depois, a minha vida se desdobra,
    Aproveitando dos sonhos a sobra.



    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  12. Cícero!
    Não conhecia este poeta!
    Belíssimo poema!
    O mar com seus silêncios,seus rugidos ,seus medos...Amar o mar nossa fonte, nosso porto.

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  13. Tem razão, Ângela. Lembra Turner sim.

    Beijo

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  14. Antonio,

    Ao tempo do poema!

    ***AMPULHETA***


    O tempo:
    Atos e palavras.


    Um grão
    De areia.


    O tempo:
    Rara eternidade.


    Dois grãos
    De areia.


    O tempo:
    O Coelho Louco.


    Três grãos
    De areia.


    O tempo:
    Sempre imprevisível.


    Mais grãos
    De areia.


    O tempo:
    Restos de esperanças.


    Um poço
    Sem fundo.


    Beijos,
    Cecile.

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