27.3.09

William Butler Yeats: "The friends that have it I do wrong" / "Aqueles que acham traição"

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The friends that have it I do wrong
Whenever I remake a song
Should know what issue is at stake
It is myself that I remake.



Aqueles que acham traição
Eu refazer uma canção
Que ouçam por que problema eu passo
É a mim mesmo que refaço.


YEATS, W.B. The collected works in verse and prose. Vol.2, Epigraph. London: Chapman and Hall Ltd., 1908.

19 comentários:

  1. e por falar em canção, ontem assisti o filme "palavra encantada" aí no shopping da gávea. me bateu uma saudade do seu curso em diamantina e, do chopp alemão que até hoje não tomamos no flamengo(rs)... assisti pan-cinema permanente nas férias e parecia que eu tinha feito parte de tudo aquilo... um desconcerto extremamente agradável do genial corpo provocativo do waly... é divinal ouvir suas tão sóbrias palavras nesses momentos. beijos com saudades

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  2. Fabrícia querida,

    Obrigado. Saudade, também! Ainda vamos tomar o tal chopp.

    Beijo grande

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  3. Amado Cícero,


    Vejo você nesse belíssimo poema!!!!! Ótimo mesmo!!!! Salve Cícero!!! Salve Yeats!!!!



    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  4. Prezado Cícero,

    Refazer uma tradução também vale ?

    "Aqueles que acham um problema
    Quando refaço algum poema
    Saibam por que problema eu passo:
    É a mim mesmo que refaço".

    06.04.2007

    Abraço,
    João Renato

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  5. Querido Cicero,

    ainda na linha da postagem anterior, sobretudo seguindo o diálogo entre você e o Aluysio, lembre do soneto de Ronsard e da Paráfrase de Ronsard escrita pelo Bandeira. Seguem abaixo, o soneto, a paráfrase e minha tradução um tanto às pressas:

    Je vous envoie un bouquet que ma main
     Vient de trier de ces fleurs épanies ;
    Qui ne les eût à ce vêpre cueillies,
     Chutes à terre elles fussent demain.

     Cela vous soit un exemple certain
     Que vos beautés, bien qu'elles soient fleuries,
     En peu de temps cherront toutes flétries,
     Et, comme fleurs, périront tout soudain.

     Le temps s'en va, le temps s'en va, ma dame ;
     Las ! le temps, non, mais nous nous en allons,
     Et tôt serons étendus sous la lame;

     Et des amours desquelles nous parlons,
     Quand serons morts, n'en sera plus nouvelle.
     Pour c'aimez-moi cependant qu'êtes belle.

    Paráfrase de Ronsard (Manuel Bandeira)

    Foi para vós que ontem colhi, senhora,
    Este ramo de floras que ora envio.
    Não no houvesse colhido e o vento e o frio
    Tê-las-iam crestado antes da aurora.

    Meditai nesse exemplo, que se agora
    Não sei mais do que o vosso outro macio
    Rosto nem boca de melhor feitio,
    A tudo a idade afeia sem demora.

    Senhora, o tempo foge... o tempo foge...
    Com pouco morreremos e amanhã
    Já não seremos o que somos hoje...

    Por que é que o vosso coração hesita?
    O tempo foge... A vida é tão breve e é vã...
    Por isso, amai-me... enquanto sois bonita.

    (minha traduçaõ)

    Envio-te um buquê que minha mão
    compôs de abertas flores escolhidas;
    não fossem pela véspera colhidas,
    seriam hoje pétalas no chão.

    Medita neste exemplo de afeição:
    pois a beleza em ti, por mais florida,
    dentro em pouco, há de ser descolorida,
    tão certo quanto as flores murcharão.

    O tempo leva em embora, minha Dama.
    Não, não nos leva, nós é que nos vamos
    e em breve deitaremos sob a lama:

    e este amor sobre o qual tanto falamos,
    quando mortos, já nada mais revela:
    ama-me, pois, enquanto estás tão bela.

    Forte abraço,
    Marcelo Diniz

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  6. Amado Cicero,

    Para você:


    "POR QUE EU FAÇO POEMAS? (PARA ANTONIO CICERO)"

    Com tantos versos feitos e guardados,
    Fico aguardando quando, publicados,
    Poderia, sem medo, livres vê-los:
    Libertos desses fios sem novelos,


    Desse desassossego, dessa espera
    Que sempre me trucida, desespera.
    Por que quer o poema tais relâmpagos,
    Tempestades, trovões? Somente trago


    Em mim essa esperança: descrever
    A vida das quimeras, dos poetas,
    Dessas portas mantidas bem abertas,


    Dessas frestas incríveis de meu ser,
    Dessas metamorfoses de prazer
    Inigualáveis, súbitas, sinceras.


    Beijo imenso!
    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  7. Vale, João Renato. Menciono essa tradução anterior no comentário à postagem de 26/03.

    Abraço

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  8. Maravilhosos, Marcelo, o poema, a paráfrase e a tradução.

    Abraços

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  9. Adriano,

    muitíssimo obrigado pelo belo poema!

    Abraço

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  10. Gosto das duas versões. Desta e da que vc traduziu aqui: http://antoniocicero.blogspot.com/search/label/Yeats

    Agradecido, por ambas.

    Abraço, Cicero.

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  11. Parafraseando João Cabral de Melo Neto, no seu poema "O QUE SE DIZ AO EDITOR / A PROPÓSITO DE POEMAS"

    «[...]Um poema é o que há de mais instável:/ele se multiplica e divide,/se pratica as quatro operações/enquanto em nós e de nós existe.[...]», tal como um poema, também uma canção, uma tradução, até uma pintura, seja que obra de arte for, a qualquer momento, na oficina do seu autor, pode ser modificada, sem que isso possa ser considerado traição, a meu ver:
    a título de exemplo, dou a obra de Herberto Helder, que se tem depurando de todas as vezes que surge uma nova edição, como aconteceu com a última, "Ofício Cantante", edições Assírio & Alvim.

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  12. Caro Cícero,

    Sem traição:

    suor

    (p/ gláucia)

    memória escorrendo no vidro
    da garrafa de água gelada
    pedras do arpoador de cazuza
    de cal de kalo
    do punho canhoto
    hall de ipanema
    perto de copacabana
    onde inverno do leblon
    degelando maturidade
    é quase glaucial

    campos, 23/09/96

    Abraço!

    Aluysio

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  13. perfeito o que diz o poema! afinal, somos ou não somos uma metamorfose ambulante?

    uma maravilha esta seção de comentários, sempre recheada de grandes achados!

    está tudo bacana por aqui! como sempre.

    beijo, meu porto de luz!

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  14. no mesmo caminho de se refazer:

    eu,
    quando tiro as folhas secas
    do meu trevo,
    limpando-o,
    é, no fundo, de mim que as arranco
    e me atrevo
    a nascer de novo.

    abraço de uma leitora nova por aqui.
    Karina

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  15. O ouro da vida me foi ofertado.

    Mas eu sinto saudades.

    Saudades do lixo, do vício e das mulheres que não conquistei.

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  16. Mais uma, irreverente:

    Os parceiros que dão como erro crasso
    Toda vez que refaço uma canção
    Saibam: o que ali está em questão
    Sou eu mesmo, eu me refaço

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  17. Caro Antôno Cícero,
    Parabéns pelo seu blog. Minha curiosidade foi despertada pela tradução do soneto de Ronsards "Quand vous serez bien vieille". No dia 1 de setembro lançarei na Academia Mineira de Letras meu livro de traduções de 50sonetos do poeta francês, dedicados a Casandre, Marie, Hélène e Astrée, além algumas outras anônimas.A edição é da Tessitura, de Belo Horizontee o título do livro é "Pierre de Ronsard, o impenitente sedutor". Em 1999 a Companhia das Letras publicou traduções minhas de sonetos de Gaspara Satmpa, Louise Labé e Elizabeth Barrett Browning, com o título "Três Mulheres Apaixonadas". Em breve mandarei a você algumas amostras.
    Abraços,

    Sergio Duarte

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  18. Caro Sergio Duarte,

    muito obrigado pela gentileza.

    Abraço

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