18.2.09

Francisco Alvim: "Carnaval"

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CARNAVAL


Sol

Esta água é um deserto

O mundo, uma fantasia

O mar, de olhos abertos
engolindo-se azul

Qual o real da poesia?



De: ALVIM, Francisco. "Elefante". In: Poemas [1968-2000]. São Paulo e Rio de Janeiro: Cosac & Naify e 7 Letras, 2000.

14 comentários:

  1. Cicero,

    Lindo o poema de Francisco Alvim: um carnaval de imagens!

    outro soneto às pressas:

    "ORLA" (Para Mizael)

    Percorrer essa estrada com meu carro,
    Ouvir qualquer ruído estranho adentro
    Feito esses batimentos violentos
    Dos nossos corações alvoroçados.


    Transitar nesse transe desprovido
    De vínculos viáveis, de prazer,
    E provocar tropeços, desfazer,
    À vontade, meu sexo concebido


    Pela viagem vaga dessa música
    Que se vai dissonante para além
    Do desejo de nexo e tudo busca.


    Parar noutro sinal porque convém
    Conversar mais um pouco. Nada custa
    Conquistar o amor pétreo do meu bem.



    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  2. Cicero,

    Para Pessoa e seus três heterônimos:


    "SEM RESPOSTA" (PARA FERNANDO PESSOA)

    O poeta desfaz o seu pensar
    Às pressas e projeta, sem um corpo
    E sem qualquer palavra, mais três outros
    Versos quase invisíveis e, quiçá,


    Quase sem vida própria, rasurados.
    Os desenhos sonhados e os sentidos
    Guardaram-se em silêncio, tão partidos,
    Aguardando uma trégua, rebuscados.


    Seus poemas, cavernas escavadas
    Dentro do coração, vastos vagões
    De trens livres de trilhos, de paradas.


    O poeta se atrai por esses sons
    E depois tudo quer: até outra alma!
    Às avessas pondera suas visões.


    Abraço forte!
    Adriano Nunes

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  3. Antonio,

    Um poema triste meu... o amor?


    ***PEDAÇOS*** (PARA O MEU AMOR)


    Abandonada fui
    Pelo que só sou agora.
    Lá fora, resta o acaso
    Dessa mera memória,


    Os acontecimentos
    Que tento por de lado.
    De fato, não compreendo
    Por que tudo soçobra.


    Assim, eu me desfaço.
    Nada, nesse momento,
    Trará você de volta,
    Trará, de vez, sua luz.



    Beijos,
    Cecile.

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  4. Quindim

    Ouvir o som de um rouxinol
    Na madrugada
    Ou da débil folha seca
    Girando pela estrada
    Roçar seus lábios
    Doces como um quindim
    Faz da minha dura pele
    Um marfim.

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  5. Que gente longe viva na lembrança
    Que gente triste possa entrar na dança
    Que gente grande saiba ser criança



    Bom carnaval, querido poeta. Estou ansioso para vê-lo.

    A.

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  6. Antonio, o "real da poesia" seria a fisicalização dela, i.e., o poema?
    Ou seria o que se "apreende" do poema?
    Ou seria, talvez, algum tipo de pré-concepção que, em um determinado período histórico, os Homens criam a respeito do que seria poesia?
    Ou seria apenas algo inventado em cada poema, individualmente?

    Abbracci,

    Paulo

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  7. o real da poesia....
    não sei, mas me parece, como diz Octávio Paz, que toda fixidez é sempre momentânea...

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  8. Gostei sim....


    boa reomendação..


    até...

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  9. O LEÃO E O MENINO

    Sinto em mim o hálito do tigre.
    A ilusão do que domei.
    O que permaneceu selvagem.
    O leão e o menino.
    Um elefante dominado.
    Um palhaço inexistente.
    Uma foca nos trópicos.

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  10. carnaval, carnaval... e o rio de janeiro continua lindo!

    carnavalesca
    líria porto

    lá vem dona aurora
    vestida de rosa
    a boca pintada
    enormes quadris
    e eu na janela
    com olhos de ontem
    à espera
    da aleg(o)ria

    *
    grande abraço!

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  11. Caro Paulo,

    o real da poesia é tudo isso e muitas outras coisas mais.

    Abraço

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  12. Cicero , verti o poema do Chic Alvim para o ingLês, tá no meu blog http://paradisecity.blog.terra.com.br Um abração carnavalesco!

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