3.12.08

Alteração na tradução do poema "Remordimiento" / "Remorso"

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Uma falha da minha tradução resultou numa negligência interpretativa. É que traduzi “naderias” por “ninharias”. Ora, “naderias” vem de “nada”, enquanto “ninharias” vem de “niño”, isto é, “menino”, “criança”. A diferença não é inconsequente. Percebendo o erro, pensei em traduzir “naderias”, palavra que não existe em português, por “nonadas”. Mas “nonada” inevitavelmente traz o mundo de Guimarães Rosa à mente, o que normalmente não é ruim, mas não é adequado ao mundo do poema em questão. Além disso, o “nada” está muito “pesado” em “nonada”, enquanto que parece leve, quase leviano, em “naderia”. Como penso que todo o vocabulário latino – e, em particular, o das línguas latinas ibéricas – é praticamente todo, se quisermos, também nosso (feitas as devidas adaptações que, em alguns casos, são necessárias), resolvi propor a incorporação do substantivo “naderia” ao português, uma vez que ele é imediatamente inteligível pelo leitor. Feita essa alteração, corrigi, na resposta às observações do Aetano, também a negligência interpretativa mencionada acima.

7 comentários:

  1. AMADO MESTRE,


    BOA MADRUGADA!

    "A MINHA ALEGRIA"



    A minha alegria
    Brinca pensativa
    Agora, à deriva
    Da vida. teria


    Sido comedida
    Sempe? Mudará
    A memória, lar
    Daquelas saídas


    À noite, secretas?
    Ou não mais se lembra
    Das arriscadas


    Corridas, de casa
    À velha fazenda,
    com as bicicletas?


    Abraço forte!
    Adriano Nunes, Maceió/al.

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  2. Amado mestre,

    Bom dia!


    "VESTIDA DE FÓSSIL" (PARA FRIDA KAHLO)




    ELA ENTÃO DECIDIU:
    HOJE EU SAIO SOZINHA,
    LINDA POR ESSAS RUAS.
    EU NADA VOU QUERER.


    VESTIDA SEM PUDOR,
    VESTIDA DE ESCURIDÃO,
    TODA NEGRA, MEDUSA
    GRACIOSA, MODERNA.


    ALTO SALTO, BATOM
    VERMELHO, BRINCOS D'OURO,
    ARGOLAS DE MARFIM,
    DE BORDADO VESTIDO,


    PRONTA PARA EXISTIR,
    POR AÍ, SEM DO MUNDO
    DESISTIR SEM REMORSO.
    VÉU NEGRO, MEIA ELÁSTICA


    PRETA, CABELOS LONGOS
    LISOS NEGROS, OLHARES
    VIVOS, VEZ OU OUTRA VIVA
    COMO OS VIVOS TAMBÉM.


    NÃO SEI SE ME ETERNIZO
    ASSIM COMPONDO ALGUÉM .
    NÃO SEI SE EM MIM DESEJO
    ESSA ALMA NA MOLDURA.


    NÃO TÊM COMO ESCAPAR
    ÀS SUAS TOTALIDADES
    AS MINHAS DORES, MAS
    DECIDI QUE HOJE EU SAIO


    SÓ, LIVRE DO QUE SOU.
    QUE ME ABANDONO, ENFIM.
    SEM MEDO: TODA NUA,
    SEM SUA RELIGIÃO.


    DE COR, VESTIDA ASSIM,
    DE LUTA, MESMO LEVE.
    NADA DE MADALENA.
    NADA DE MONA LISA.


    NADA DE CAROLINA.
    EU NUNCA INVENTAREI
    ESSA INGENUIDADE
    FEMININA, TALVEZ


    A GAROTINHA FÁCIL
    DO COLEGIAL. NUNCA
    QUADRO A VER OS NAVIOS
    NAUFRAGAREM APENAS.


    PELAS RUAS, AQUI,
    A SER EU MESMA, FOSSE
    FÓSSIL VIVO A SOFRER
    NA TREVA DESTA VIDA,


    DECIDIDA A FAZER,
    AGORA NO UNIVERSO
    DA POESIA, ALGUÉM
    PLENAMENTE FELIZ.


    ABRAÇO FORTE!
    ADRIANO NUNES.

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  3. Querido Cicero,

    brilhante o post, bem como as respostas ao Aetano. Saudade de você. Sábado tenho show e lerei um trecho de "A cidade e os livros" no palco. Seu pensamento está sempre por perto.

    Um beijo.

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  4. PARA VOCÊ, SÓ PARA VOCÊ!


    "DESENGANO" ( para Antônio Cícero)





    Talvez tenhas perdido todo encanto
    Que sentiste por mim. Apenas vê,
    Silenciosamente, nosso amor
    Nunca mais, assim cego, suportar


    O que nos resgatava de nós dois.
    Talvez, perto do fim, não só desejes
    O que nos melhorava. Cada dia
    Não se repetirá. Teu desengano


    Deixa-me sem a luz dos meus poemas,
    Mais que todo meu ser suportaria!
    Em minhas madrugadas, que puseste?


    Por que muito partiste meu pensar
    Com teus versos de amor? Meu coração,
    Por que não me tiraste toda a vida?


    Adriano Nunes.

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  5. Obrigado pela dedicatória no seu belo soneto, Adriano.

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  6. Cicero,

    "talvez o fim não seja nada e a estrada seja tudo"


    "MY POETRY" ( for my mother)



    This is my
    Poetry. She does
    Not want to fly.
    She does
    Not want anything.
    She didn't
    Want the same dreams.
    She's alone


    And will die
    Alone while
    My Poetry. She's
    Still Having
    Found me, having
    Caught me.
    This is my
    Poetry. She only wants


    To be herself,
    Completely,
    Just Poetry,
    At ease,
    My Poetry.
    She hardly
    Ever closes
    Doors.


    Abraço!
    Adriano Nunes.

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  7. AMADO POETA,

    Há um erro no poema que enviei antes desta postagem. A minha pressa em enviá-lo fez com que eu não percebesse uma conjugação verbal distorcida. Na verdade, eu queria usar o present perfect tense, como no poema agora refeito. Logo o verso fica assim: "she still hasn't found". Segue este poema então como deve ser lido. Ele parece ser simples, mas não é. O pronome "she" usei para dar ambiguidade ao poema e sonoridade também, assim como as repetições da palavras.

    "MY POETRY" (for my mother)



    This is my
    Poetry. She does
    Not want to fly.
    She does
    Not want anything.
    She didn't
    Want the same dreams.
    She's alone


    And will die
    Alone while
    My Poetry. She
    Still hasn't
    Found me, having
    Caught me.
    This is my
    Poetry. She only wants


    To be herself,
    Completely,
    Just Poetry,
    At ease,
    My Poetry.
    She hardly
    Ever closes
    Doors.



    Abraço Forte!
    Adriano Nunes.

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