Destruição
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir mas o existido
continua a doer eternamente.
De: "Lição de Coisas". In: Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p.475.
Observador,
ResponderExcluirDrummond é meu primeiro poeta.
Quando tudo se perde é para ele que volto.
É como ter a casa paterna...
Especialmente em “Destruição” há uma lição particular de como ver as coisas, um jeito que não se copia...
Uma mulher que trabalhou para ele, depois da ida de Julieta, foi cozinheira próxima a mim. Eu, muitas vezes, tentei “arrancar” dela um Drummond íntimo, particular, só meu.
Sempre em silêncio, é claro, do contrário seria inútil tentar...
Boa coisa me lembrou agora,
Abraços!
Descobri "Eco" ontem.
ResponderExcluirParabéns.
E Drummond, o poeta jogado aos leões nas escolas...
Abraço.
Obrigado, Álvaro.
ResponderExcluirValeu.
lindo, cicero, especialmente as duas últimas estrofes. que maravilha...
ResponderExcluirbeijo, querido!
Drummond é uma coisa a parte.
ResponderExcluirSou sua fã, um dos meus compositores preferidos de hoje e sempre. Parabéns!
Muito obrigado, Daiza.
ResponderExcluirUm beijo,
Antonio Cicero
ouçam Drummond lendo esse poema, é tão doloroso, por isso que ele é nosso poeta maior
ResponderExcluirIncrivel. O poeta da minha vida.
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