Um poema de Hölderlin, seguido da sua tradução por Manuel Bandeira:
AN DIE PARZEN
Nur Einen Sommer gönnt, ihr Gewaltigen!
Und einen Herbst zu reifem Gesange mir,
Daß williger mein Herz, vom süßen
Spiele gesättiget, dann mir sterbe.
Die Seele, der im Leben ihr göttlich Recht
Nicht ward, sie ruht auch drunten im Orkus nicht;
Doch ist mir einst das Heilige, das am
Herzen mir liegt, das Gedicht, gelungen,
Willkommen dann, o Stille der Schattenwelt!
Zufrieden bin ich, wenn auch mein Saitenspiel
Mich nicht hinabgeleitet; Einmal
Lebt ich, wie Götter, und mehr bedarfs nicht.
ÀS PARCAS
Mais um verão, mais um outono, ó Parcas,
Para amadurecimento do meu canto
Peço me concedais. Então, saciado
Do doce jogo, o coração me morra.
Não sossegará no Orco a alma que em vida
Não teve a sua parte de divino.
Mas se em meu coração acontecesse
O sagrado, o que importa, o poema, um dia:
Teu silêncio entrarei, mundo das sombras,
Contente, ainda que as notas do meu canto
Não me acompanhem, que uma vez ao menos
Como os deuses vivi, nem mais desejo.
pois é, meu doce poeta, às parcas também peço cuidado e proteção durante o curso, justamente para que o coração me morra, porém saciado do doce jogo.
ResponderExcluirque haja, para todos nós, partes, pedaços do divino em nossas realidades.
sei que isso é uma conquista, uma conquista quotidiana, a de saber enxergar os tantos "milagres" que nos cercam.
sophia de mello, uma das minhas grandes mestras, escreveu que há muito do divino no real. um poeta, também filósofo, que muito admiro, escreveu que o mundo faz charme, que ele sabe como encantar, e que, por tanto, é levado nessa magia de verdade ("magia de verdade" é sen-sa-ci-o-nal!).
acho que é por aí.
muitos e muitos e muitos verões e outonos para nós, poetósofo de primeira!
o meu beijo gostoso!
e um cafuné afetuoso!
As traduções de Baudelaire são fracas. Uma vez, no entanto, vi uma tradução do Albatroz, por Bandeira, de que gostei. Nunca mais a encontrei. Por acaso você a tem? Se tiver, poste, por favor.
ResponderExcluiraquele abraço
aquele beijo