A arte do poeta
escrever um poema é ser assaltado
e manter o sangue frio
ou fazê-lo ferver, borbulhar e correr
nas frias treliças metálicas
do concreto armado
escrever um poema é costurar
gotas
de suor ou lágrimas
tecer longa colcha de ondas
sobre sonhos profundos
ou subir na espiral dos sons
de uma escada cujos degraus
são as notas de uma canção oca
e ascender
através das nuvens evaporadas
rumo ao sol
ao céu
ao nada
Lucas Nicolato
o homem imagina
ResponderExcluirque as horas passam
que o dia acaba
que outro ano se inicia
e que ele irá morrer
fantasia que se perpetua
que possui seus filhos
que seu Deus é grande
e que o inferno existe
pressupõe um tempo
uma continuidade
e uma eternidade
ao vislumbrar seu fim
Que lindo!
ResponderExcluirCícero,
ResponderExcluirsó agora me dei conta do teu nome...
Abrir o seu blog é sempre um presente.
Obrigada.
Lu
Lu,
ResponderExcluirObrigado a você e um feliz ano novo.
Antonio Cicero
poesia é risco
ResponderExcluirQuantas imagens bonitas. Parabéns. É seu Lucas? beijo, Maria Cecilia Brandi
ResponderExcluiré meu sim, ciça. obrigado.
ResponderExcluirPoesia não tem definição que não umas e outras no plano puramente técnico, melnhor, da linguagem. sinceramente não me agrada poética que,a pretexto de arriscar, tece uma trela de definições metafísicas em torno do ofício. valeu o blog. tem coisas boas.
ResponderExcluirabração e feliz 2008, pra todos.
]Cândido Rolim
Caro Cândido Rolim,
ResponderExcluirNinguém é obrigado a gostar de poema nenhum. Mas não concordo com as considerações que você faz em torno do poema “A arte do poeta”. Em primeiro lugar, não penso que ele esteja tentando definir a poesia. Qualquer definição traça limites, logo exclui determinadas coisas. Como o poema em questão não exclui coisa nenhuma, ele não define nada. Além disso, não vejo nada de metafísico nele. O que ele faz é mostrar poeticamente algumas das experiências do poeta ao fazer um poema.
Não concordo quando você diz que a poesia tem umas e outras definições no plano puramente técnico, ou melhor, da linguagem. Parece-me que, se um poema puder ser definido, certamente não será no plano técnico nem no da linguagem. Como se poderia excluir das possibilidades da poesia qualquer experiência técnica ou lingüística? Ora, como eu disse, sem exclusão, não há definição.
Também não sei por que você fala do “pretexto de arriscar”. O poema não fala nem de arriscar nem de risco. Ele não invoca pretexto algum. A meu ver, como qualquer poema bom, ele não precisa de pretexto nenhum para existir. Ele simplesmente existe.
Um abraço e um feliz 2008 para você também.
Antonio Cicero
Caro poeta Antônio Cícero,
ResponderExcluirnão falei em nenhum momento que o poema do Nicolato é ruim ou bom, embora tenha feito o comentado tocado pelo "gosto". repassei tão somente particularíssima impressão sobre a experiência estética detonada pelo constructo verbal. com certeza se fosse dado definir (de-finire) a poesia, e em particular o poema, ela sequer daria ensejo a discussões e verberações em todos os sentidos. o "pretexto de arriscar" se refere a outro comentário postado aqui, a meu ver também definidor, de que "poesia é risco". talvez nossa discrepância resida mais no fato de eu entender que o plano técnico-linguístico do poema é ainda a face, digamos, mais tangível de um texto. eu falei "tangível", não "esgotável". a não ser que julguemos que toda experiência humana seja totalmente compartilhável ou subsumível a uma única demonstração.
abraço cordial.
Cândido Rolim