10.11.07

Borges: Límites

Jorge Luís Borges
Límites

Hay una línea de Verlaine que no volveré a recordar,
Hay una calle próxima que está vedada a mis pasos,
Hay un espejo que me ha visto por última vez,
Hay una puerta que he cerrado hasta el fin del mundo.
Entre los libros de mi biblioteca (estoy viéndolos)
Hay alguno que ya nunca abriré.
Este verano cumpliré cincuenta años:
La muerte me desgasta, incesante.
De Inscripciónes (Montevideo, 1923), de Julio Platero Haedo

BORGES, J.L. “Límites”. In: “El hacedor” Obras completas. Buenos Aires: Emecé Editoras, 1974, p.849.

Limites
Há uma linha de Verlaine que não voltarei a recordar,
Há uma rua próxima que está vedada a meus passos,
Há um espelho que me viu pela última vez,
Há uma porta que fechei até o fim do mundo.
Entre os livros de minha biblioteca (estou vendo-os)
Há algum que já nunca abrirei.
Este verão cumprirei cinqüenta anos:
A morte me desgasta, incessante.
De Inscripciónes (Montevideo, 1923), de Julio Platero Haedo

14 comentários:

  1. Tem alguma dissertação ou tese sobre suas letras , se tiver gostaria de ler


    abraço

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  2. Um atalho para a vida não existe

    Não existem portas no castelo da alegria

    Não existem casas (não há mais paredes)



    Na vida não existe atalho

    Só te cobrem colchas que são de retalho

    Não há a menor chance de unidade



    Rebutalho e corte e sofisticação e lixo

    O máximo do luxo é ser feliz

    Um atalho - a alegria



    Um retalho em meio à vida

    Não existem portas no horizonte da existência

    O rebutalho máximo é não existir

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  3. O que sempre me impressionou neste poema é a simplicidade técnica (aparente?) de seus versos como suporte de uma reflexão tão profunda.
    O que Borges atinge em muitos casos.
    Abraços

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  4. Diniz,

    Especificamente sobre as minha letras não há, que eu saiba. Há sobre meus livros de poemas. Você pode encontrar uma bibliografia sobre o meu trabalho no meu site: http://www.uol.com.br/antoniocicero

    Abraço,
    Antonio Cicero

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  5. há no amor um movimento

    o calor de vários dias e momentos

    quando brota a flor mais bela

    cultivada nas delícias

    dia e noite

    em meio ao frio

    aonde há neve

    no deserto

    embora no amor não haja

    nunca

    o deserto

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  6. que maravilha, cicero!

    o poema é um grande achado, são belas as imagens para se falar do gasto do tempo, ou seja, do seu desgaste, das coisas que ficam, que não nos acompanham, inevitavelmente.

    é realmente lindo... imagino, agora, aquela tristeza que bate naqueles lampejos de lucidez aguçada, extrema, nos quais pensamos na finitude da existência, em como ela é breve, e que a cada passo formado, cumprido, alcançado, um a menos no caminho. uma hora, os passos se esgotam e nada resta. nem rastro.

    aí, pelo caminho que vai sendo trilhado, é a linha de antonio cicero que se me escapa, um cheiro bom que ficou, dançante, ao vento vadio, o último espelho que me refletiu, e tantas coisas outras que não mais se anunciam a nós.

    tempo... que, pelo menos, fullgás!, já que: fulgaz.

    beijo grande, gracinha!
    o carinho de sempre!

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  7. Friday, November 17, 2006

    J L B


    na plaza del mayo

    manhã nebulosa,

    os pombos argentinos

    os via

    em sua forma mais fabulosa.

    naquele apartamento obscuro
    gris

    de nuvens esparsas e intermitentes,

    alguém agora a vê-los.

    os pombos argentinos,
    na plaza del mayo.

    posted by wilson luques costa

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  8. perfeito. como uma tarde indo embora.

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  9. O verso que diz "Hay alguno que ya nunca abriré." é o que mais gosto, e o que acho mais deprimente. Também me faz pensar: se existem muitos livros, ou muito pouco tempo.

    Cicero, segue um meu, de cinco anos atrás. Veja se gosta.


    o poema interrompido

    em minha boca já esteve língua estrangeira
    em minha língua a saliva de uma meretriz
    já me entorpeci com o gosto e o cheiro de uma flor
    e me abracei a divino anjo para morrer feliz

    mas ocorreu que a imigração me deportou
    e moça da vida eu não penso em sustentar
    flores eventualmente e infelizmente murcham
    e os anjos, ah! os anjos, mortais não podem amar

    uma vez quis deixar branca de neve morder a maçã
    para que de seu sono eu pudesse acordá-la
    mas o inútil príncipe minha bela desposou
    e com ela casou, sem que eu deixasse de amá-la

    certa noite cortei os pulsos e, envolta em sangue, me aguardei morrer
    nos campos elísios vaguei em busca de conhecida flor
    me pus em cargo celestial, e no purgatório
    soube que minha amada se enforcara por não mais suportar a dor

    agora tenho amor por uma linda senhorita
    que devia estar internada em manicômio estadual
    mas que quer, não sei bem como, estudar psicologia
    vida amorosa como a minha, ninguém mais tem, não é normal

    mas o mau não são as dores destes meus desamores
    nem o tanto de tempo em que estive deprimida
    não é tão ruim estar perdida sem ver a saída
    o pior de tudo é saber que, outra vez, não sou correspondida


    Priscila Zanuzzo

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  10. Caetano,
    Gostei muito dessa observação.
    Um abraço,
    ACicero

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  11. Parabéns, Priscila, gostei.
    Abraço,
    ACicero

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  12. Esse poema é muito bom mesmo, assim como foi a primeira aula!

    Pena que tive que perder a segunda... terça que vem, estou lá!

    abração jardineiro

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  13. Obrigado, Leandro.
    A gente se vê na terceira aula.
    Abraço,
    ACicero

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  14. Porque nunca me canso de ler Borges mesmo que o tente .
    "Só uma coisa há da qual ninguem se arrepende e esta coisa é de haver sido valente."

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