O mesmo poema de Hölderlin, com uma pequena alteração na sua tradução, sugerida pelo Paulo de Toledo:
Outrora e agora
De manhã era feliz, quando jovem,
E à noite chorava; já hoje, mais velho,
Começo meu dia em dúvida, porém
Seu fim é para mim sagrado e sereno.
pois é, meu querido poeta,
ResponderExcluirnada como a maturidade para assentar ansiedades e medos surgidos ao findar do dia, quando somos jovens.
vivendo, a gente aprende que as dúvidas são inevitáveis e que muitas delas não são desatadas com o passar do tempo. e aprende também que a não resolução de parte das dúvidas e a vinda de tantas outras não significa falta de maturidade, de vivências; pelo contrário. a gente percebe que é bom não ter certeza de tudo, que deve haver, sempre, espaço para as dúvidas e irresoluções. já dizia o mano caetano: "você precisa saber o que eu sei/e o que eu NÃO SEI MAIS".
ou seja, você precisa saber que não sei mais um monte de coisas que julguei saber um dia. você precisa saber que amadureci, precisa saber que não ter certezas, e até desmontá-las em alguns casos, denota sinal de sabedoria. quando isso é apreendido, e apreendido com a matureza, com o passar do tempo, a gente suaviza, acalma, fica tudo melhor (rs), e o dia finda sereno e sagrado.
é isso, boniteza.
beijo gostoso,
carinho abissal
e desejos de sucesso certo, sem dúvidas (rs)!
Antigamente e agora
ResponderExcluirNos meus dias de jovem, de manhã eu era feliz,
De noite, chorava; agora, como estou mais velho,
Começo meu dia na incerteza, porém
Sagrado e alegre me é o seu fim.
Mais um ótimo poema, Cicero.
ResponderExcluirTambém tenho meu altar no escuro e, como Vinícius, de noite é que ardo.
No resto, apenas escureço, tardo e anoiteço.
Espero que tenha gostado do vídeo que mandei.
Um grande beijo.
A inversão no verso inicial ficou realmente melhor. Gosto das suas traduções. E esse poema, em sua edição bilíngüe, é uma bela forma de praticar meu (pouco) alemão.
ResponderExcluirum abraço,
Lucas
Caro Antonio Cícero:
ResponderExcluirSem pretensões, fiz aqui uma outra variação do poema, apenas como um exercício-jogo de possibilidades, já que tanto a sua tradução quanto a alternativa proposta pelo Paulo Toledo são excelentes.
"Era feliz de manhã enquanto jovem
E à noite chorava; agora, mais velho,
Em dúvida começo meu dia, seu fim
porém é para mim sereno e sagrado."
Abraços do
Paulinho Assunção
quando jovem, bravata e força física
ResponderExcluirocultavam a fraqueza em mim
agora, após os anos,
já sem medos, cheio de vida,
assisto ao baile da decrepitude
montado sobre um corpo
aonde não me reconheço
e de onde pulsa
ávida por novas chances
a juventude
Sinceramente, gosto de todas as traduções apresentadas aqui: a minha, a do Paulo de Toledo, a do Edson Gil (que é a mais literal)e a do Paulinho. O que isso mostra é que o original é muito bom.
ResponderExcluirAntonio Cicero
A MORTE DE HÖLDERLIN
ResponderExcluirquando de vez surgiu a negra manhã
egressa da boêmia noite virgem
o vate contemplava um amanhã
o eterno perecer de uma viagem
triste manhã outonal e temporã
vestida de solébano visagem
nela ornava-se a morte com o afã
de o velho bardo amar sua tezimagem
à dança convidava-o a velha sorte
dele queria o seu beijo nobre e forte
mas o poeta não queria
dar pernas com a meretriz
que o aguardava
só
como quem está frente a frente
ao pó e que não mais aspira à vida
eterna
Escrito por WILSON LUQUES às 13h38
Saturday, November 11, 2006
ResponderExcluirAbaixo, duas livres traduções de Rilke perpetradas ontem num átimo em meu quarto antes de dormir. Procurei fazê-lo, com o meu pouco alemão, e com o único livro que retirei da biblioteca da escola - Rilke - Cia das Letras - com a belíssima tradução de José Paulo Paes e mais belíssima ainda introdução - que na minha opinião faz de José Paulo Paes um grande poeta - por que li sim Odes Mínimas e um grande crítico. Haja vista Kaváfis e o próprio Rainer Maria Rilke. É menos uma tradução do que uma traição, posto que elaborado num calor, zéfiro de vontade, para o encetamento mesmo e o consequente comprometimento. É uma coisa como disse abaixo mais metaforizada, deixando por hora a forma. Mas em outros tentarei uma ourivesaria. Vou tentar.
´Du bist der Erbe
Söhne sind die Erben
denn Vater sterben
Söhne stehn und blühn
Du bist der Erbe´
Traição por Wilson Luques Costa
Implicação Material - Recurso na tradução à lógica.
´Tu és o herdeiro
Filhos são os herdeiros
Pai então dinheiro
Filhos aparecem e brotam
Tu és o herdeiro´
´Ich lebe mein Leben in wachsenden Ringen
die sich über die Dinge ziehn.
Ich werde den letzten vielleicht nicht vollbringen,
aber versuchen will ich ihn.
Ich kreise um Gott, um den uralten Turm,
und ich kreise jahrtausendelang;
und ich weiss noch nicht: bin ich ein Falke, ein Sturm oder ein grosser Gesang.
Traição por Wilson Luques Costa
´Eu vivo a minha vida
em círculos intermináveis
coisas em si entrelaçáveis
Talvez o último eu
totalmente não atingirei
mas o vislumbrarei
Sou o que junto a Deus corre
E transcorro milênios infindos
E ainda não sei
Sou um falcão
Uma torre
Ou um grande sustenido.´
Errata
ResponderExcluir1 - Ora
2- elaborada
3- conseqüente
E o meu muito obrigado por essa verdadeira ágora paidéica...
NO JOVEM DIA EU ERA A MANHÃ
ResponderExcluirFLORIDA
NA NOITE
EU ESTERTORAVA
AGORA
VELHO
AMANHEÇO NA DÚVIDA
PORÉM
MEU FIM SAGRADO SEI
POIS SER SERENO.`
Grande A. C., grande Paulo! Bela parceria... Abraços
ResponderExcluiresse sim, é uma tarde que cai. literalmente.
ResponderExcluir(ando obsessivo com as tardes...)
sagrado e sereno e inevitável
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