1.5.07

Drummond: A céu aberto...

O seguinte -- extraordinário -- poema de Carlos Drummond de Andrade não se encontra em nenhuma antologia que eu conheça. Colhi-o no Jornal do Brasil, por ocasião da morte de Drummond, que foi -- nunca é demais repetir -- um dos maiores poetas do século XX, e o maior poeta que o Brasil já produziu.


A céu aberto reúnem-se em congresso
os corpos que a manhã torna esculpidos,
ao entardecer envoltos de doçura.
Aqui pousam morenas redondezas
entregues à delícia de existir
ao calor da onda glauca, sem problemas.
Existir, simplesmente -- a vida é cor,
é curva adolescente, é surfe e papo.
O mar, irmão. O cão namora o peixe?
A barraca levada pelo vento?
A obrigação tediosa postergada?
Deixa fluir o tempo! O tempo é nada.

8 comentários:

  1. Já tô com saudade. Um beijo

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  2. Ivana querida,
    Também estou com saudade. Vou visitar o seu blog, o Doidivana.

    Beijo,
    ACicero

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  3. maravilha, cicero! gosto muito do olhar lançado pelo drummond às coisas cotidianas, às rotinas duma cidade. rio de janeiro, ao mar irmão, rio com vontade. me sinto um participante do poema (rs).

    drummond faz, sempre, um uso genial da língua; adoro a sua maneira de dispor as palavras, as combinações criadas entre elas. tudo muito bonito!

    grande beijo!

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  4. Também não conheço outro poeta vivo nem por viver que se assemelhe a magnitude de Drumond. E Carlos Drumond de andrade, com o perdão dos qeu o conhecem mais que eu, não tinha uma lina que lhe suspendia, ou que demarcava seu caminho de poeta, ele fazia de tudo. Nos surpreendia com uma poesia com os sentimentos do Pessoa, e de um Manoel Barros,e tem coisas dele que você Antônio Cícero, por assimilá-lo tão bem, mergulhou, como a primeira poesia do teu site. Não é Drumond, é Antônio Cícero. Mas é uma prais da mesma areia.

    Um beijo Poeta
    Naeno

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  5. Olhas esta poesia depois deleta.

    DESAFIO

    O cordão rompeu antes
    Que a bolsa desse sinal
    E preparpou-se um temporal
    Um nascimento
    De uma nuvem espessa
    No quintal.
    E caíram as mangas maduras
    Ficaram-se as verde para depois
    E ficaram marcas do joelho
    De quem ajoelhado
    Enfim rezou .
    E foi um berro enchedor
    De alguém que se segurava
    E não imergia do poço,
    E passaram-se horas,
    Passaram-se séculos
    Até se decidir,
    Se ver depois.
    Mas depois era muito depois
    Do tempo marcado.
    E as marcas em suas mãos
    De gladiador,
    Já faziam sangue pelo quarto
    E nada de querer,
    Nada de amar,
    Só pelo que via
    Debaixo, o buraco.

    Quero parâmetros se quizeres ouvir duas músicas minhas clinas no Youtube e procura por Naeno. Agora por favor ouve as duas.

    Naeno

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  6. Obrigado, Naeno, você é muito generoso. Quanto ao poema: tem que deletar mesmo?

    Abraço,
    AC

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  7. O poema foi publicado com o título "Praia" entre os textos dispersos nas "Obras completas". Faz parte da série "Rio: ontem, hoje, amanhã".

    Um abraço.

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  8. Obrigado pela informação, Anônimo.

    Abraço

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