13.9.20

Francisco Bosco: "Garamond"

 



Garamond


Primeiro na tela da mente: 

seus deletes sem tecla,


filme cabeça, legendas

boiando sobre nada.


Depois no papel pautado, 

à caneta Bic azul, com letra


imperfeita, suja de mão, 

e intrincadas rasuras.


Daí passar a limpo, mero 

artesão, olhos de régua, a mão


contra a mão, o alheamento 

no rumor da página.


Por fim imprimir, com tipo 

Garamond, em cuja distância


típica dos habitantes dos livros, 

lavamos as mãos.





BOSCO, Francisco. "Garamond". In:_____. Da amizade. Rio de Janeiro: 7Letras, 2003.

2 comentários:

  1. Bom dia, tudo bem? Sou o Paulo Lustosa da Banca em frente a Academia Brasileira de Letras, estou encaminhando dois poemas pra publicação, se possível. Conte comigo! Grande abraço.

    Tua poesia pulsa

    (Poema em homenagem ao poeta Mário Faustino)
    Paulo Lustosa



    Tua poesia pulsa soberana e febril sobre o deserto do tempo.

    Influenciada por uma lua sem fases,
    colhendo flores dispersas que
    não necessitam de água nem de abelhas,
    plantadas num único pé de verso.

    Ela sorve todo grão de areia de seus desenhos túmidos,
    antes que o descuidado simum, sem saber o que pratica,
    desconstrua suas falanges de poemas livres.

    Tua poesia pulsa vigorosa e lúcida sobre a
    aurora que nunca nasce,
    sobre os pântanos não florescidos,
    sobre cada lágrima cristalizada de um poeta turvo,
    adulto e não vingado.
    Ela segue seu destino intocável
    Levada por negros lençóis de nimbus
    Que irrigarão espaços mares frios
    Sem uma gota sequer da tua fértil e úmida língua.
    Tua poesia pulsa firme sobre o verso trêmulo,
    reprime incrédulo o verbo fácil,
    repulsa a lira triste de um anjo cínico nesse vazio
    inverso de um universo falso!

    _________


    Tinta Negra

    Paulo Lustosa



    Vai
    Leva a tua poesia aos que têm fome
    Nutre com teus versos insanos e insones
    Os estômagos embrulhados dos que ainda creem em redenção
    Oferece tua palavra como um artifício
    Assim como Rimbaud ofereceu seu corpo a Verlaine.



    Tinge com tua tinta negra a vagina cálida

    De uma virgem em sacrfício

    Redesenha toda sua silhueta esquálida

    Ruboriza sua face pálida

    Como Lautrec fez magnifiquement em seu ofício.



    Penetra nos labirintos das catacumbas

    Uma por uma até encontrar o sêmem sagrado deixado por Eros

    Grita tua loucura mais insana

    Dorme com Jocasta em sua própria cama

    Como dormiu seu lídimo e inconsciente Édipo.



    Vai
    Leva a tua poesia aos que têm sede
    Aos que não têm sonhos

    Aos que são sonâmbulos.

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  2. 2020 em questão:

    (a) esquerda dividida
    (b) direitas multiplicadas
    (c) israel + egito
    (d) cuba - gorky park
    (e) anteriores desmarque

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