Saudade
Posto que nem é de bom-tom falar
sobre a tristeza insossa
cujo vaivém, quando se apossa
de mim, me embala como o som
sem fim das ondas do Leblon,
dispondo-me a curtir a fossa
a sós, pus na vitrola a bossa
nova de João, Vinícius, Tom,
menos pra ouvir o que ela tem,
porque talvez já nem me agrade
a ausência tanto faz de quem,
do que pra que, pouco à vontade,
meu coração se encha, se bem
que sob protesto, de saudade.
ASCHER, Nelson. "Saudade". In:_____. Parte alguma. Poesia (1997-2004). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário