Soneto XLVIII
Já por bárbaros climas entranhado,
Já por mares inóspitos vagante,
Vítima triste da fortuna errante,
Té dos mais desprezíveis desprezado:
Da fagueira esperança abandonado,
Lassas as forças, pálido o semblante,
Sinto rasgar meu peito a cada instante
A mágoa de morrer expatriado.
Mas, ah! Quem bem maior, se contra a sorte
Lá do sepulcro no sagrado hospício
Refúgio me promete a amiga Morte!
Vem, pois, ó nume aos míseros propício,
Vem livrar-me da mão pesada e forte,
Que de rastos me leva ao precipício!
BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. "Soneto XLVIII. In:_____. Sonetos de Bocage. São Paulo: Edições Saraiva, 1956, tomo II.
Um comentário:
Bem bacana esse poema. Obrigado, Cicero.
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