22.1.15

Basílio da Gama: "A uma senhora"




A uma senhora

Já, Marfísia cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Que inda te espero ver, por causa delas,
Arrependida de ter sido ingrata.

Com o tempo, que tudo desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas;
Verás murchar no rosto as faces belas,
E as tranças de ouro converter-se em prata:

Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos,
Por que me negas hoje esta ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos,
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco a flor dos anos.



GAMA, Basílio da. "A uma senhora". In: CAMPOS, Paulo Mendes. Forma e expressão do soneto. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, s.d.

Um comentário:



  1. Sou eu
    Que sinto
    O indistinto
    Sou eu
    quem navega
    Na contramão
    meu coração
    É uma avenida
    sem volta
    Só ida.
    Vida.

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