6.6.10

Salgado Maranhão: "Desconcerto"




Desconcerto


Por querer teus seios
(e não poder)
já sofri demais.
E ainda sofro,
por não querer mais.




MARANHÃO, Salgado. "Solo de gaveta". A cor da palavra. Rio de Janeiro: Imago, 2009.

13 comentários:

  1. Desmesuras do desejo.
    Desconcerto dos sentidos.
    Desrazão. Belo!

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  2. APARIÇÕES


    1
    até quando encontrar
    teus fios de cabelo
    no meio dos meus livros?


    2
    outro dia mesmo,
    vadiando as gavetas,
    topei com uma
    de tuas costelas.

    o que fora para mim
    lua crescente, pente,
    bumerangue de marfim

    (e - ainda - quantas vezes
    arco para violinos genoveses?),

    hoje é apenas um souvenir de
    timbuktu.

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  3. No amor, na paixão não se pode ter medo de sofrer.
    Boa semana.
    Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

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  4. Cicero,

    Lindo demais! Grato!


    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  5. Fresta

    Da escuridão posso ver
    Se alguma luz se acender
    Pela fresta
    Pouco a pouco
    A forma se desmancha
    Em segundos se lança
    Erguida pelas mãos
    Areia, grãos,
    Outra forma
    Sem norma

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  6. Confesso qeu ao iniciar a leitura do poema:

    "Por querer teus seios
    (e não poder)
    já sofri demais."

    Eu pensei: "Pronto, mais um daqueles piegas"

    Mas ao terminá-lo...
    'quebrei a cara' frente num belo desconcerto.

    Vou atrás desse livro.
    Abrax,
    Cícero.

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  7. Cícero,


    belo poema! Final fantástico!

    Um poema meu:

    "Imensidões estagnadas"


    Do todo... ao
    Meio, tudo
    Em pedaços.
    Pergunto-me:
    Como
    Posso aguentar
    O que sou?

    Aos poucos,
    Um traço
    Mal interpretado,
    Um risco,
    Um trilho enferrujado,
    Corroídos
    Pelo descaminho
    Do nada.

    Ah! Como queria
    Ser mesmo o
    Âmago
    De uma palavra.
    Poderia
    Perder depois
    Meu corpo,
    Minha alma.

    O coração? Não.
    Gosto das batidas,
    Das acelerações fugazes,
    Das arritmias súbitas,
    Do medo de paradas,
    Do susto.

    Nas horas incertas,
    Amo as
    Imensidões estagnadas.
    Saudade.
    Tédio.
    Solidão.


    Abraço,
    Mateus.

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  8. Cicero,


    Um poema novo que dedico ao Haroldo de Campos:


    "Quimera livre" - Para Haroldo de Campos.


    Do
    Ventre

    Ao
    Voo

    Livre, o
    Tombo, a

    Queda, o
    Susto.

    Surdo? Ab/
    Orto

    Po/
    Ético: o

    Feto
    Re/
    Feito - o

    Verso


    Visto!)
    Não

    Vive
    Só,

    Dentro
    Do

    Mero
    Saco

    Plástico,
    Est/

    Ético,
    Útero

    Mét/
    Rico

    Entre
    Céu

    Terra
    Caos

    Nas
    Trevas

    Do
    Cérebro...

    Não
    Liga

    Pra
    Nada.A/

    Briga-
    Se

    Em
    Si.


    Abração,
    Adriano Nunes.

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  9. desconcerto do querer e do não querer. o extremo dos desejos: pêndulos de tormentos.
    síntese não há... seguir no incessante do sim e do não?
    um abraço.
    Jefferson.

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  10. Prezado A.C.

    Li o texto abaixo no blog “Traduções Gratuitas” de Luiz de Carvalho. Como achei curioso e belo, estou lhe enviando. Não se sinta obrigado a postar.

    Louis Veuillot – A Morte de Baudelaire

    Morreu ontem, por conta duma doença de vários anos, o Sr. Charles Baudelaire, autor de inúmeras poesias que fizeram lamentável estridor. Ele pediu os sacramentos e os recebeu.

    Ele era talentoso, e a substância de suas idéias era melhor do que aquelas que dava a público. Como tantos outros, foi o poeta na vida e na obra joguete das desordens de su'alma. Franqueou-lhe o desejo frívolo de escandalizar o abismo em que perdeu a saúde e a doença de que pereceu. Ele representou, se não com seriedade, ao menos com coragem heróica, uma personagem de sua imaginação, indo amiúde de encontro à natureza. Porque era excêntrico, valeu-se duma força que lhe permitira se tornar original.

    Que Deus tenha piedade de su’alma, a qual oprimia o mesmo Baudelaire. Concedeu-lhe o Senhor tempo de meditar; o fim de Baudelaire consola aqueles que, conhecendo-o melhor que ele a si mesmo, censuravam-no, condenavam-no e não cessavam de amá-lo.
    Setembro de 1867.

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  11. paulinho (paulo sabino)11 de junho de 2010 às 16:06

    ADOREI!!

    beijim bom!!

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  12. pós-conserto

    me destes um seio
    botei na boca
    o leite se fez sopa

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