16.7.09

Nicolás Gómez Dàvila: de "Sucesivos escolios a un texto implícito"

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A história dos gêneros literários admite explicações sociológicas.
A história das obras não as admite.

*

A única superioridade que não corre o risco de encontrar uma superioridade nova que a ofusque é a do estilo.

*

As influências não enriquecem senão os espíritos originais.



De: GÓMEZ DÁVILA, Nicolás. Sucesivos escolios a un texto implícito. Barcelona: Áltera, 2002.

9 comentários:

  1. Cicero,


    forte!... e belo!



    Abraços,
    Adriano Nunes.

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  2. nenhum estilo anterior é capaz de ofuscar o que representou um novo. o estilo é bem isso mesmo. bem legal o post, como sempre bons textos para reflexão. abraço, isaias

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  3. CICERO,

    Um poema novo:


    "RETRATAMENTO INTENSIVO"



    Todo poema tem pernas,
    Perambula por aí,
    Passeia, tonto tropeça,


    Às vezes, foge de si,
    Vadia, vagueia só,
    Vagabundo, solto, bêbado,


    Às vezes, fratura um osso,
    Fêmur, fíbula, uma vértebra,
    Ou surge com pé quebrado.


    Todo poema tem braços
    Rimados ou livres, laça
    Vácuos, abraça metáforas,


    Atira pedras, as asas
    Inventa com as palavras,
    Atiça-se , acena adeus.


    Todo poema tem olhos
    Vendados e bem abertos,
    Flerta o que quer, quando quer


    Cega, observa, mira, admira,
    Penetra através das frestas
    Das pupilas, feito luz,


    Profundo, no olhar alheio,
    Vasculha os nervos, os músculos,
    Desvenda-se por ser único


    E muitos, todos e tudo
    E nada: pálpebras, prisma,
    Ponte, precipício, lágrima.


    Todo poema tem língua,
    Boca, dentes, lábios, glote,
    Grita, bebe, come, morde,


    Fala, xinga, berra, cala,
    Tem a voz aguda ou grave,
    Vibra a fibra da garganta


    De grafite da memória,
    Das páginas apagadas
    Do agora: diz o que diz.


    Todo poema tem pênis,
    Vulva, vagina, testículos,
    Ovários, útero, trompas,


    Excita e fica excitado,
    Transa, masturba-se, goza,
    Engravida, aborta, pare.


    E como rejuvenesce,
    Ninguém consegue explicar.
    Alma? Se há, sabe-se lá.


    ABRAÇO FORTE!
    ADRIANO NUNES.

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  4. Avante, Cícero, com a força viva de cada oriki!
    “Èsù Pàápa-wàrá, a túká máse sà,

    Èsù máse mí, omo elòmíràn ni o se”.

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  5. porra, lindo esse seu poema, adriano, lindo demais! adorei!

    assim como as sentenças aqui apresentadas. todas ótimas e certeiras!

    enfim: tudo uma maravilha só!

    beijo em vocês, adriano e cicero!

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  6. haha...isso mesmo, falou pouco mas falou bonito.

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  7. Nicolás e sua reação antimoderna , aforismo de grande pensador , sempre com claro e com seu choque original.

    C.

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