Gesta da água
“Há sempre um copo de mar
para um homem navegar”
Jorge de Lima
Nesta grandíssima manhã
de primavera,
as portas
da minha casa
estão abertas
para a visita
fluida da beleza.
Altair é a susana da minha poesia
e da minha vida.
A solidão habitava o feiume
dos meus gestos e
querençoso eu esperava
o tempo.
Hoje caminho tardo
pelo vento oeste.
Meu coração vagueia
no mapa das ruínas
e infesto o campo dos
silêncios.
Cada ruído pressentido,
diz da alma.
Cada rastro revelado,
diz da vidência, essa
alegria
a se eternizar.
Mancham os céus de um cinza cruel
e morrem
os oceanos
em mim.
Eu que sempre
fui água,
mansidão
de peixes
e de siris.
Ser líquido
na chuva,
rio no mar naufragado.
Eu que sempre
fui água,
a escorrer
pelo sangue das marés.
Ó manhã
devastada no belo!
Assim é a ceia farta
dos maremotos
escondidos!
Queda,
quebra,
estrondo
elegia da natureza
encantada,
sou água!
"Rosa numinosa" de Diego Mendes Sousa é uma preciosidade poética; nessa obra, encontramos o poeta esparramado pelas metáforas e símbolos; sua susana é desvelada sem rodeios e está cheia de sedução.
ResponderExcluirUma leitura agradabilíssima.