A moça afogada
1
Quando ela se afogou e a boiar foi descendo
Dos córregos para os rios mais caudalosos,
Brilhava o céu de opala tão maravilhoso
Qual se devesse recompensar o cadáver.
2
Sargaços e algas iam-na enleando,
De modo que ela aos poucos ficava com mais peso.
Frios os peixes nadavam-lhe pelas pernas,
Plantas e bichos faziam-lhe ainda mais lenta a última viagem.
3
E o céu da tarde era escuro feito fumaça
Retendo à noite o brilho das estréias sobre o horizonte.
Mas cedo alvoreceu, a fim de que também
Manhã e tarde houvesse para ela.
4
Quando seu corpo branco apodreceu nas águas,
Aconteceu (bem devagar) que Deus foi-a esquecendo:
Primeiro o rosto, as mãos depois e por fim os cabelos.
Então ela passou a ser no rio uma carniça igual a tantas outras.
BRECHT, Bertolt. "A moça afogada". In:_____. Poemas e canções. Seleção e tradução por Geir Campos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
Vom ertrunkenen Mädchen
1
Als sie ertrunken war und hinunterschwamm
Von den Bächen in die größeren Flüsse
Schien der Opal des Himmels sehr wundersam
Als ob er die Leiche begütigen müsse.
2
Tang und Algen hielten sich an ihr ein
So daß sie langsam viel schwerer ward.
Kühl die Fische schwammen an ihrem Bein
Pflanzen und Tiere beschwerten noch ihre letzte Fahrt.
3
Und der Himmel ward abends dunkel wie Rauch
Und hielt nachts mit den Sternen das Licht in Schwebe.
Aber früh ward er hell, daß es auch
Noch für sie Morgen und Abend gebe.
4
Als ihr bleicher Leib im Wasser verfaulet war
Geschah es (sehr langsam), daß Gott sie allmählich vergaß
Erst ihr Gesicht, dann die Hände und ganz zuletzt erst ihr Haar.
Dann ward sie Aas in Flüssen mit vielem Aas.
Muito tristes os acontecimentos, essa inundação na Alemanha. Não há o que dizer, não se pode colocar a culpa nos ombros de ninguém. É a Natureza!
ResponderExcluirHoje
ResponderExcluirHoje de manhã
Cantou um passarinho
Tão lindo
E o dia pintou, de
azul o céu
E as estrelas
enfeitiçaram-se
com as sereias
E de areias sujaram
teus pés, diante do altar
do mar,
..fizeram-me pensar
Oh, permaneça tudo como está,
Faltando só um dedinho,
um ninho, repleto de cores,
aonde eu possa te comtemplar!