1.4.21

Ricardo Silvestrin: "Sacos"

 



Sacos



Estamos repletos de inutilidades,

suas, minhas,

inutilidades de família,

de valor inestimável.


Quinquilharias, ninharias,

boiando no pó, atiradas em caixas,

envelopes rasgados, gavetas.


Ninguém se arrisca a botar fora

esses tesouros de um reino perdido

entre os guardados.


Em quantos sacos de lixo,

sacos grandes de cem litros,

vai caber todo o passado?






SILVESTRIN, Ricardo. "Sacos". In:_____. "Outros cantos". In:_____. Carta aberta ao Demônio\. Porto Alegre: Libretos, 2021.

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