12.4.21

Dylan Thomas: "In my craft or sullen art" / "Neste meu ofício ou arte": trad. de Augusto de Campos

 



Neste meu ofício ou arte



Neste meu ofício ou arte

Soturna e exercida à noite

Quando só a lua ulula

E os amantes se deitaram

Com suas dores em seus braços,

Eu trabalho à luz que canta

Não por glória ou pão, a pompa

Ou o comércio de encantos

Sobre os palcos de marfim

Mas pelo mero salário

Do seu coração mais raro.


Não para o orgulhoso à parte

Da lua ululante escrevo

Nestas páginas de espuma

Nem aos mortos como torres

Com seus rouxinóis e salmos

Mas para os amantes, braços

Cingindo as dores do tempo,

Que não pagam, louvam, nem

Sabem do meu ofício ou arte.



In my craft or sullen art



In my craft or sullen art

Exercised in the still night

When only the moon rages

And the lovers lie abed

With all their griefs in their arms,

I labour by singing light

Not for ambition or bread

Or the strut and trade of charms

On the ivory stages

But for the common wages

Of their most secret heart.


Not for the proud man apart

From the raging moon I write

On these spindrift pages

Nor for the towering dead

With their nightingales and psalms

But for the lovers, their arms

Round the griefs of the ages,

Who pay no praise or wages

Nor heed my craft or art.





THOMAS, Dylan. "In my craft or sullen art" / "Neste meu ofício ou arte". In: CAMPOS, Augusto de (org. e trad.).  Poesia da recusa. São Paulo: Perspectiva, 2006.

Um comentário:

  1. Que tempos
    Pessimismo, mais Alemão
    Impossível,
    Inacessível à compreensão
    desacreditar jamais
    Mas, que valores já não
    valem mais
    foram ao fundo
    mas não nos deixeis encurralados
    e ao sair em sonho, um dia
    fá-lo-á com alegria.

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