26.10.20

Antero de Quental: "Despondency"

 



Despondency



Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram

Ninho e filhos e tudo, sem piedade. . .

Que a leve o ar sem fim da soledade

Onde as asas partidas a levaram. . .


Deixá-la ir a vela, que arrojaram

Os tufões pelo mar, na escuridade,

Quando a noite surgiu da imensidade,

Quando os ventos do Sul se levantaram. . .


Deixá-la ir, a alma lastimosa,

Que perdeu fé e paz e confiança,

À morte queda, à morte silenciosa. . .


Deixá-la ir, a nota desprendida

Dum canto extremo. . . e a última esperança. . .

E a vida. . . e o amor. . . deixá-la ir, a vida!





QUENTAL, Antero de. "Despondency". In: SÉRGIO, António (org.). Antero de Quental: Sonetos. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1963.

Um comentário:

  1. Bicho

    Não
    Sou
    Frankestein,
    Feito de igualdades
    Criadas, inventadas,
    Por um poder, coladas,
    Igualadas ao nada
    Sou
    Mais igual uma teia de aranha
    Feita de irregularidades
    Tecendo seu sonho
    Seu labirinto
    Fortaleza para sua beleza
    Nenhum compromisso(com isso)
    Sou Bicho
    Há, o que encerra tua beleza
    princesa.

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