7.3.20

Jorge Salomão: "Tem horas que pareço eu"




Foi com enorme tristeza que eu soube, há pouco, da morte do admirável poeta e performer Jorge Salomão, que foi um dos meus maiores amigos. Publico abaixo o último poema dele, que acabo de ler, em artigo de Cláudio Leal, no site da Folha de São Paulo:



Tem horas que pareço eu


Tem horas que pareço eu
Tem horas que pareço Man Ray
Eu sou do tamanho da minha cor
Da cor da fita do Bonfim

Tem horas que me camuflo
Tem horas que sou molusco
Tem horas que nada sei
Tem horas que sou Man Ray

Tem horas Itapagipe
Tem horas Cubana
Tem horas curtindo cena
Tem horas olhando o mar

Tem horas que nada pareço, sem chão nem teto
Tem horas vários retratos
Tem horas que sou possível
Tem horas escuridão.







3 comentários:

  1. Dois relógios

    Um mede o tempo
    O outro teu ser
    Permeado entre
    Os espaços
    Múltiplos
    Conchas coloridas
    De tantas nuances
    Que nem saberia descrever
    Que me dizes
    Do mar que é tão doce
    Quanto a delícia de te ver

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