Canção breve
Tudo me prende à terra onde me dei:
o rio subitamente adolescente,
a luz tropeçando nas esquinas,
as areias onde ardi impaciente.
Tudo me prende do mesmo triste amor
que há em saber que a vida pouco dura,
e nela ponho a esperança ou o calor
de uns dedos com restos de ternura.
Dizem que há outros céus e outras luas
e outros olhos densos de alegria,
mas eu sou destas casas, destas ruas,
deste amor a escorrer melancolia.
ANDRADE, Eugénio de. "Canção breve". In:_____.
Primeiros poemas; As mãos e os frutos; Os amantes sem dinheiro. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2006.
Oh. Eu nem precisava vir cá abaixo ler o nome do meu poeta. É que lhe conheço os versos e a prosa como a nenhum outro. Não por conhecê-los completamente, mas por ter uma forma tão distinta de dizer que logo o reconheço.
ResponderExcluirGrande poeta!
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