Relva verde relva
Dentro de mim – mas onde?
no céu
da boca? debaixo
da pele? –
fulge de repente um largo verde esquecido
dentro de mim
ou fora
(em algum lugar nenhum)
de mim
um largo como se fosse um lago
e quase a transbordar de verde
ouvia a miúda algazarra da relva
rente ao chão
ah aquela inesperada toalha verde viva
em meio à cidade em ruínas!
(o relâmpago me atinge agora numa cozinha da rua Duvivier)
De tais espantos somos feitos.
GULLAR, Ferreira. "Relva verde relva". In:_____. "Em alguma parte alguma". In:_____.
Toda poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 2015.
Que poema lindíssimo!
ResponderExcluirVinicius