No Cabaré-Verde
às cinco horas da tarde
Oito dias a pé, as botinas rasgadas
Nas pedras do caminho, entrei em Charleroi.
-- No Cabaré-Verde: chego e peço torradas
Na manteiga e presunto, assim como ele está.
Reconfortado, estendo as pernas sob a mesa
Verde: e me ponho a olhar os ingênuos motivos
De uma tapeçaria. -- E, adorável surpresa,
Quando a moça de peito enorme e de olhos vivos
-- Essa, não há de ser um beijo que a amedronte! --
Sorridente me traz as torradas e um monte
De manteiga e presunto, em prato colorido:
Presunto róseo e branco, a que perfuma
Um dente de alho, e dá-me um chope imenso, a espuma
Num raio a se doirar do sol amortecido.
Au Cabaret-Vert
cinq heures du soir
Depuis huit jours j' avais déchiré mes bottines
Aux cailloux des chemins. J' entrais à Charleroi.
-- Au Cabaret-Vert: je demandai des tartines
De beurre et du jambon qui fût à moitié froid.
Bienhereux, j' allongeai les jambes sous la table
Verte: je contemplai les sujets très naïfs
De la tapisserie. -- Et ce fut adorable,
Quand la fille aux tétons énormes, aux yeux vifs,
-- Celle-là! ce n' est pas un baiser qui l' épeure! --
Rieuse, m' apporta des tartines de beurre,
Du jambon tiède, dans un plat colorié,
Du jambon rose et blanc parfumé d' une gousse
D' ail -- et m' emplit la chope immense, avec sa mousse
Que dorait un rayon de soleil arriéré.
RIMBAUD, Arthur. “Au cabaret vert” / No cabaré verde”. In:_____. Poesia completa. Trad. de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
No segundo verso do primeiro terceto "traz" deve substituir "trás".
ResponderExcluirObrigado por me ter chamado a atenção para isso, Bea! Já corrigi. É que, quando resolvi postar esse poema, procurei-o no Google, encontrei-o, copiei-o e o colei no blog. Eu tinha que ter feito uma revisão melhor dessa cópia...
ResponderExcluirAbraço