Venham ver a maravilha
Do seu corpo juvenil!
O sol encharca-o de luz,
E o mar, de rojos, tem rasgos
De luxúria provocante.
Avanço. Procuro olhá-lo
Mais de perto… A luz é tanta
Que tudo em volta cintila
Num clarão largo e difuso…
Anda nu - saltando e rindo,
sobre a areia da praia
Parece um astro fulgindo.
Procuro olhá-lo; - e os seus olhos,
Amedrontados, recusam,
Fixar os meus… - Entristeço…
Mas nesse lugar fugidio -
Pude ver a eternidade
Do beijo que eu não mereço…
BOTTO, António. "Venham ver a maravilha". In:_____.
Canções e outros poemas. Org. por Eduardo Pitta. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2007.
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