Lamento da boa defunta
Pela avenida ela fugia,
Iluminada eu a seguia,
Adivinhei! O olho dizia,
Hélas! Eu a reconhecia!
Iluminada eu a seguia,
Boca ingênua, nada via,
Oh! sim eu a reconhecia,
Ou sonhaborto ela seria?
Boca murcha, olho-fantasia;
Branco cravo, azul esvaía;
O sonhaborto amanhecia!
Ela em morta se convertia.
Jaz, cravo, de azul esvaía,
A vida humana prosseguia
Sem ti, defunta em demasia.
– Oh! já em casa, boca vazia!
Claro, eu não a conhecia.
Complainte de la bonne défunte
Elle fuyait par l'avenue,
Je la suivais illuminé,
Ses yeux disaient : " J'ai deviné
Hélas! que tu m'as reconnue ! "
Je la suivis illuminé !
Yeux désolés, bouche ingénue,
Pourquoi l'avais-je reconnue,
Elle, loyal rêve mort-né ?
Yeux trop mûrs, mais bouche ingénue ;
Oeillet blanc, d'azur trop veiné ;
Oh ! oui, rien qu'un rêve mort-né,
Car, défunte elle est devenue.
Gis, oeillet, d'azur trop veiné,
La vie humaine continue
Sans toi, défunte devenue.
- Oh ! je rentrerai sans dîner !
Vrai, je ne l'ai jamais connue.
LAFORGUE, Jules. "Complainte de la bonne défunte" / "Lamento da boa defunda". In:_____. Litanias da lua. Org. e trad. de Régis Bonvicino. São Paulo: Iluminuras, 1989.
Como sua leitora e admiradora eu não poderia deixar de enviar parabéns pela sua entrada na Academia Brasileira de Letras. Mais do que merecido, poeta. Um abraço feliz.
ResponderExcluirGerana Damulakis
Muito obrigado, Gerana Damulakis. Fico feliz com suas palavras.
ResponderExcluirAbraço