8.7.17

Jorge Furtado sobre o show "Dois Irmãos", de Marina e Antonio Cicero


Quinta-feira passada, Marina e eu fizemos um show, intitulado "Dois Irmãos", em Porto Alegre, em que lembramos como se deu nossa parceria. Fiquei feliz com o comentário que, no dia seguinte, Jorge Furtado, grande diretor e roteirista de cinema e televisão, fez, no Facebook (https://www.facebook.com/jorge.furtado.52) sobre o show. É o seguinte:

Porto Alegre ontem viveu um grande momento com o show "Dois Irmãos", de Marina Lima e Antonio Cícero na Reitoria da UFRGS, um momento de beleza e poesia que nos lembra o que o Brasil tem de melhor. Marina encantou a todos com suas belíssimas canções e a mim surpreendeu tocando violão com maestria, só tinha visto shows dela com grandes bandas e não sabia que ela tocava tão bem. Antonio Cícero é um grande poeta e muito bem humorado, poderia passar a noite toda ouvindo seus versos e histórias.

Há um momento do show em que ele lê um texto não escrito por ele e ela canta uma música que não é parceria dos dois. Talvez não por coincidência, Marina cantou "Pessoa", do Dalto e Antonio Cícero leu um texto do Fernando Pessoa que eu não conhecia, muito bom.

"Quem, que seja português, pode viver a estreiteza de uma só personalidade, de uma só nação, de uma só fé? Que português verdadeiro pode, por exemplo, viver a estreiteza estéril do catolicismo, quando fora dele há que viver todos os protestantismos, todos os credos orientais, todos os paganismos mortos e vivos, fundindo-os portuguesmente no Paganismo Superior? Não queiramos que fora de nós fique um único deus! Absorvamos os deuses todos! Conquistamos já o Mar: resta que conquistemos o Céu, ficando a terra para os Outros, os eternamente Outros, os Outros de nascença, os europeus que não são europeus porque não são portugueses. Ser tudo, de todas as maneiras, porque a verdade não pode estar em faltar ainda alguma cousa! Criemos assim o Paganismo Superior, o Politeísmo Supremo! Na eterna mentira de todos os deuses, só os deuses todos são verdade. "


Fernando Pessoa, in 'Portugal entre Passado e Futuro'



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